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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

NOVO GOVERNO COMEÇA BEM

Alberto Tamer – O Estado de S.Paulo

Os primeiros sinais do novo governo, na área econômica, são positivos. Em menos de uma semana, dois fatos mostram que as promessas feitas no calor da posse, se transformam em atos. O contingenciamento do Orçamento, inchado pelo Congresso, e a flexibilização das regras para restituir o imposto devido às empresas exportadoras são os primeiros sinais positivos.

Pode-se acrescentar, mas ainda na fase da expectativa, a decisão de Dilma Rousseff de dar força ao Ministério do Desenvolvimento, tratado até agora como de segunda classe, com predominância da Fazenda, da Receita e do Itamaraty. O ex-ministro fez tudo que pode, mas perdeu sempre para a Fazenda a luta para estimular investimentos, produção e exportação. A presidente foi muito clara: dá prioridade ao comércio exterior e não aceita confrontos entre ministros. Mas é ainda só promessa? Parece que não. O novo ministro, Fernando Pimentel, além de economista, é um velho amigo de Dilma. Ele afirmou na posse que o Brasil não pode continuar onerando as vendas externas. Tem de mudar. Dilma convocou uma reunião já este mês para tratar do assunto.

Salário mínimo realista. Há ainda o fato de a presidente ter fechado questão sobre os R$ 540 do salário mínimo, contrariando sua linha de combate à miséria. Há, porém, uma explicação para isso. O mínimo teve um ganho real de quase 54% nos últimos oito anos. O aumento de R$ 30 oferecido agora representa uma renda adicional de R$ 18 bilhões. Cerca de 47 milhões de empregados têm os salários atrelados ao mínimo e em muitos Estados, como São Paulo, o valor é ainda maior. Um aumento maior sem avanço proporcional da produção representa mais inflação que corroi a renda prejudicando, a médio prazo, os que se pretendia beneficiar. Um desafio que só se resolve aumentando substancialmente a produção. Esse deveria ser o próximo passo do governo. E aqui está a segunda ponta da linha: cabe a Dilma dar força política ao ministro do Desenvolvimento, para que suas intenções não fiquem apenas nas intenções. Pelo menos por ora, espera-se que não.

Agricultura salvou. Há muita comemoração com o aumento surpreendente das exportações em 2010. Superaram as metas e fecharam o ano em US$ 201,9 bilhões, apesar do real valorizado. Magnífico num ano em que o mercado mundial permanece retraído. Será? Não é bem assim. Muito se tem falado que os “produtos básicos” sustentaram esse resultado, passaram a representar quase 50% das exportações. A agricultura sozinha evitou o possível déficit da balança comercial. Pode-se dizer que, sem muito alarde, ela tem salvado a economia brasileira. Os dados definitivos do ano saem hoje, mas o resultado até novembro, que não deve ser muito alterado, mostra uma agricultura vigorosa, atendendo ao mercado interno e ocupando cada vez mais espaço no mercado mundial. Nos dados sobre os básicos, misturam-se minério de ferro e petróleo com produtos agrícolas ou semimanufaturados fabricados com eles. De dezembro de 2009 a novembro de 2010, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 75,3 bilhões. As importações do setor, por sua vez, somaram US$ 13 bilhões. A balança comercial do agronegócio, portanto, teve superávit de US$ 62,3 bilhões para um superávit comercial total de apenas US$ 202 bilhões. Pode-se imaginar o déficit sem a agropecuária. No ano passado, ela foi responsável, no período analisado, por 40% do total.

Isso se deve, sim, ao forte aumento dos preços das commodities agrícolas no mercado mundial por causa das quebras de safra em países produtores e as importações da China, mas só em parte. Não tivesse havido uma safra de grãos de 141 milhões de toneladas, ligeiramente superior ao recorde do ano anterior, e não teríamos exportado o que exportamos sem prejudicar o consumo interno.

É cedo ainda para fazer previsões. O que se pode dizer é que os primeiros sinais em seis dias do novo governo justificam ter esperança. Vamos esperar.

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