Chuva faz laje desabar e matar uma pessoa na zona leste; perto dali, moradores queimam veículos em protesto contra inundações
BRUNO RIBEIRO, CAMILLA HADDAD, CRISTIANE BOMFIM, ELVIS PEREIRA e PAULO SALDAÑA – O Estado de S.Paulo
Três horas de chuva forte em São Paulo foram suficientes para causar o transbordamento do Córrego Aricanduva, na zona leste, ilhar pessoas em carros e casas por 3 quilômetros, provocar uma manifestação, matar o dono de um depósito e ferir três pessoas. Agora, chega a oito o número de mortos por causa de temporais só na capital desde novembro.
Um homem de 50 anos, dono de um depósito, morreu depois que a laje do estabelecimento desabou, no Jardim Tietê, região de São Mateus. “A parede cedeu no momento em que ele foi olhar uma infiltração”, disse o coordenador da Defesa Civil, Jair Paca de Lima. Outras três pessoas ficaram feridas, sem gravidade. Outro desabamento ocorreu em uma casa em Sapopemba – ninguém se feriu.
Houve 27 pontos de alagamento na cidade, concentrados na zona leste. Indignados com a situação, manifestantes atearam fogo em um ônibus e também em um caminhão na Avenida Sapopemba. Segundo a Polícia, o caminhão chegou a ser saqueado. A ação foi registrada pela polícia às 17h35, mas nem os bombeiros nem a polícia conseguiam chegar ao local, duas horas depois, por causa da cheia.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), o transbordamento do Aricanduva ocorreu porque em apenas 2 horas choveu 67 mm na cabeceira do córrego – no Ribeirão Oratório, limite entre os municípios de Mauá e São Paulo – o que representa 28% do previsto para o mês.
Os bombeiros fizeram 17 atendimentos na região relacionados às chuvas, retirando pessoas de carros e residências. “Um caminhoneiro me tirou do carro quando a água já chegava na cintura. Meu carro boiou 30 metros e o perdi porque não tinha seguro”, disse a chefe de seção Lucia dos Santos, de 59 anos.
“Nunca passei por isso na minha vida, senti muito medo”, relembra o técnico em telecomunicações José Luiz de Araújo, de 54 anos. Ele foi resgatado de bote pelos bombeiros após seu Fiat Uno ser invadido pela água no meio da Avenida Aricanduva.
Nem as comportas instaladas nas entradas de imóveis adiantaram. “Temos cinco delas, mas não suportaram a pressão da enxurrada. Todo ano é a mesma coisa. Fizemos foto e vamos processar a Prefeitura”, queixou-se o dono da loja de imóveis planejados Italínea, Mohamad Turk, de 23 anos, estimando um prejuízo de cerca de R$ 30 mil.
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