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domingo, 28 de março de 2010

PAÍS VOLTA A SER OITAVA MAIOR ECONOMIA

ÉRICA FRAGA* – Economist – Folha SP
ESPECIAL PARA A FOLHA

A recente crise mundial alçou o Brasil à condição de oitava maior economia do mundo em 2009. É a primeira vez desde 1998 que o pais ocupa essa posição no ranking global com o PIB (Produto Interno Bruto) medido em dólares.
A crise econômica no mundo desenvolvido, a fortaleza do real e políticas anticíclicas bem sucedidas adotadas pelo governo contribuíram para esse resultado. Mas por trás da performance brasileira há também deficiências, como uma economia ainda fechada, que se travestiram de vantagem durante a crise, mas que no longo prazo tendem a voltar a pesar negativamente na trajetória do país.
O desempenho da economia brasileira já havia sido favorável entre 2007 e 2008, quando passou da décima à nona posição no ranking mundial, deixando para trás a Espanha e o Canadá, embora tenha sido ultrapassado pela Rússia. Com esse movimento, o Brasil também passou a ser a segunda maior economia das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos.
Ganhar posições no ranking de maiores economias é positivo porque torna o país mais atrativo para investidores externos e aumenta seu peso geopolítico. Mas desde que a mudança seja sustentável; e, de preferência, se trouxer chances de mais progresso no futuro.
Colocando o caso brasileiro em perspectiva histórica, não se pode dizer que a melhoria registrada nos últimos dois anos represente um fato inédito. Há décadas o país oscila entre a oitava e a décima posição (embora tenha estado pontualmente também em sétimo e décimo terceiro lugares desde 1980).
O câmbio costumava ser fator primordial nas mudanças do Brasil no ranking das maiores economias. Na última vez em que havia ocupado a oitava posição, em 1998, foi derrubado pela maxidesvalorização do real em janeiro do ano seguinte, caindo para décimo lugar.
No ano passado a força do real também colaborou para a melhoria relativa do Brasil. Prova disso é o fato de que o tamanho da economia brasileira medido pela chamada paridade do poder de compra (PPP) -que ajusta os valores absolutos do PIB de acordo com o custo de vida em cada país -se manteve na nona posição.
Mas não foi só o câmbio. Outros fatores também ajudaram o Brasil, como o próprio desempenho da economia e o fato de ser relativamente fechado.

ÉRICA FRAGA é editora sênior da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU)

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