Blog do Diretório Zonal da Freguesia do Ó e Brasilândia do Partido dos Trabalhadores na Cidade de São Paulo - SP
sexta-feira, 16 de abril de 2010
VINCULO COM ESTADO DO RS APROXIMA DILMA DE FIERGS
Sérgio Bueno, de Porto Alegre – VALOR
Na primeira visita ao Rio Grande do Sul como pré-candidata à Presidência, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT) recebeu rasgados elogios de empresários em um almoço na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). Capacidade de gestão, condições de levar adiante iniciativas bem sucedidas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os vínculos com o Estado, onde construiu boa parte de sua carreira política, foram os atributos mais lembrados por alguns dos participantes do encontro.
“Precisamos de gente com representatividade que pensa e conhece a nossa realidade”, afirmou o presidente da Fiergs, Paulo Tigre. No discurso de saudação à ex-ministra, para 130 convidados, ele afirmou que no período “mais agudo” dos efeitos da crise sobre a economia brasileira, Dilma “teve um olhar diferenciado para o setor produtivo gaúcho”.
O executivo de um grande grupo, que pediu anonimato, disse que se para o empresariado paulista é “chique ser serrista”, Dilma tende a encontrar mais espaço no Rio Grande do Sul. O maior entrave é a tradição “esquerdista” do PT gaúcho, mas ele pode ser amenizado se o pré-candidato do PMDB ao governo estadual, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB) abrir o palanque para a ex-ministra, comentou a fonte.
Boa parte do PMDB gaúcho resiste em apoiar Dilma e Fogaça não foi ao almoço, mas o candidato a vice na chapa do ex-prefeito, deputado Pompeo de Mattos (PDT), disse que o palanque deve se abrir “ao natural” depois que o partido confirmar a aliança nacional com o PT. “O (Michel) Temer pode unir o PMDB em torno da Dilma”, comentou. O PDT já garantiu apoio ao PT na disputa. O pré-candidato do PT ao governo gaúcho, Tarso Genro, acompanhou Dilma até a Fiergs.
José Antônio Fernandes Martins, do conselho de administração da Marcopolo, disse que existem “boas possibilidades” para a eleição da petista, referindo-se à última pesquisa Sensus na qual ela aparece empatada com o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Para ele, Dilma tem “competência” suficiente para dar continuidade às políticas “corretas” do governo Lula. “O empresário que pensar no que era o Brasil antes do Lula e no que é agora pode até ser contra a ideologia do governo, mas terá que admitir que as ações tomadas foram absolutamente corretas”. Ele elogiou especialmente os resultados dos investimentos em infraestrutura e da decisão do governo de sustentar a oferta de crédito com os bancos públicos durante a crise. “Olha os balanços das empresas.”
Ricardo Felizzola, presidente dos conselhos de administração da Altus e da Teikondisse que aprova tanto o governo Lula quanto a gestão de Serra. Ele explicou que ainda não definiu o voto, mas admitiu que os pontos forte de Dilma são a capacidade de “liderança”, a “opinião forte embasada tecnicamente” e o fato de ela ser “gestora de qualidade”.
“Dilma é simpática e não tenho restrições a ela, mas preciso ouvir as propostas dos dois candidatos”, comentou o presidente do grupo Tramontina, Clóvis Tramontina.
Para empresários gaúchos, Dilma “evoluiu” desde que foi secretária estadual das Minas e Energia nos governos de Alceu Collares, do PDT (1991 a 1994), e Olívio Dutra, do PT (1999 a 2002), e nem o passado guerrilheiro dela parece assustar.
Segundo o diretor de relações institucionais da Timac Agro Brasil e presidente do Sindicato das Indústrias de Adubos do Rio Grande do Sul (Siargs), Torvaldo Marzolla Filho, o que as pessoas fazem na juventude “não necessariamente corresponde ao que elas serão no futuro”. Para ele, Dilma pode dar continuidade às políticas de Lula, “ex-sindicalista que sabe como a indústria funciona”.
No almoço, Dilma garantiu que uma de suas prioridades, caso eleita, será destravar a reforma tributária porque depois das reduções de impostos feitas pelo governo para estimular a economia na crise “mudou a visão de cada um de nós” sobre a importância da desoneração da produção e dos investimentos. Ela não definiu prazos, mas adiantou que o crescimento do país e da arrecadação permitem a constituição de um fundo para compensar os Estados que perderão com a reforma.
Dilma lembrou que o governo prepara medidas “fortes” de estímulo à exportação, comprometeu-se com o câmbio flexível, defendeu a criação de um ministério específico para as micro, pequenas e médias empresas e disse que está disposta a conversar com o setor empresarial para encontrar formas de reduzir os custos da energia elétrica.
Hoje Dilma participa de uma reunião-almoço com empresários em Caxias do Sul, um dos principais polos metalmecânicos do Estado, e no sábado pela manhã ela terá uma reunião plenária com movimentos sociais em Porto Alegre.
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