Blog do Diretório Zonal da Freguesia do Ó e Brasilândia do Partido dos Trabalhadores na Cidade de São Paulo - SP
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
IBOPE - DILMA 50% X 41% DE TODOS OS OUTROS
petista ganharia no 1º turno se eleição fosse hoje
Blog de Fernando Rodrigues
Pesquisa realizada pelo Ibope sob encomenda da CNI (Confederação Nacional da Indústria) nos dias 25 a 27 de setembro indica que Dilma Rousseff (PT) está com 50% contra 41% de todos os seus adversários somados. Se a eleição fosse hoje, a petista venceria no primeiro turno.
Para ganhar no primeiro turno é necessário ter, pelo menos, 50% mais 1 de todos os votos válidos (os dados apenas aos candidatos, descontados os brancos e os nulos).
Aqui todas as pesquisas eleitorais.
A pesquisa Ibope dá 27% para José Serra (PSDB). A candidata Marina Silva (PV) aparece com 13%. Os outros candidatos nanicos somados têm 1%. Há também 4% de brancos e nulos e 4% de indecisos.
Essa pesquisa Ibope foi realizada ao longo de 3 dias (25, 26 e 27). Não pode ser comparada com a pesquisa Datafolha, realizada apenas no dia 27 e que deu Dilma com 46%, Serra com 28% e Marina com 14%.
Ainda assim, o levantamento do Ibope (com 3.010 entrevistas e margem de erro máxima de 2 pontos percentuais) é um indicador de que o desfecho da eleição continua pendendo mais para o lado de Dilma Rousseff. Por esse levantamento, a chance de a petista ganhar no primeiro turno está dada como fora da margem de erro. Acima o gráfico com as várias pesquisas Ibope neste ano.
Outro dado interessante do Ibope é sobre a preferência partidárias dos eleitores brasileiros. O PT é disparado, com 27%, o preferido. Entende-se então o apelo à militância que Dilma Rousseff fez nos últimos dias. Trata-se de um apelo que o PSDB e José Serra teriam dificuldade para fazer, pois apenas 5% dos eleitores dizem preferir a sigla tucana. E só 3% afirmam preferir o PV, de Marina Silva. Dados acima.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
"SUBIDAS E DESCIDAS SÃO NORMAIS", DIZ DILMA SOBRE DATAFOLHA
'Subidas e descidas são normais', diz Dilma sobre Datafolha
Reuters
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse nesta terça-feira que não há como antecipar o final da eleição, referindo-se à queda na intenção de voto de sua candidatura.
"Para ter certeza do que vai acontecer vai ter que esperar a urna fechar e ter respeito pelo eleitor. Daí para frente, contar os votos e discutir", disse Dilma a jornalistas em curta visita à rodoviária de Brasília.
Ela afirmou ainda que até sábado serão divulgadas várias outras sondagens de intenção de voto.
"Estamos em um momento da eleição que são normais subidas e descidas", disse, apelando à militância para ir às ruas buscar votos. "De a hoje até sábado tem bastante pesquisa para comentar", afirmou.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta manhã pelo jornal Folha de S.Paulo indica que, a seis dias das eleições, Dilma passou de 49 por cento para 46 por cento na preferência do eleitor. Seu principal adversário o tucano José Serra ficou estável em 28 por cento e Marina Silva (PT) foi de 13 por cento para 14 por cento.
Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, apenas Dilma se movimentou fora dela. Ainda assim, ela ganharia no primeiro turno, se a eleição fosse hoje, com 51 por cento dos votos válidos (é preciso 50 por cento mais um para esta vitória). Há cinco dias, ela tinha 54 por cento.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello
Reuters
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse nesta terça-feira que não há como antecipar o final da eleição, referindo-se à queda na intenção de voto de sua candidatura.
"Para ter certeza do que vai acontecer vai ter que esperar a urna fechar e ter respeito pelo eleitor. Daí para frente, contar os votos e discutir", disse Dilma a jornalistas em curta visita à rodoviária de Brasília.
Ela afirmou ainda que até sábado serão divulgadas várias outras sondagens de intenção de voto.
"Estamos em um momento da eleição que são normais subidas e descidas", disse, apelando à militância para ir às ruas buscar votos. "De a hoje até sábado tem bastante pesquisa para comentar", afirmou.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta manhã pelo jornal Folha de S.Paulo indica que, a seis dias das eleições, Dilma passou de 49 por cento para 46 por cento na preferência do eleitor. Seu principal adversário o tucano José Serra ficou estável em 28 por cento e Marina Silva (PT) foi de 13 por cento para 14 por cento.
Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, apenas Dilma se movimentou fora dela. Ainda assim, ela ganharia no primeiro turno, se a eleição fosse hoje, com 51 por cento dos votos válidos (é preciso 50 por cento mais um para esta vitória). Há cinco dias, ela tinha 54 por cento.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello
DATAFOLHA - DIMINUI VANTAGEM MAS DILMA AINDA VENCE NO 1º TURNO
Do BBC Brasil
Joao Fellet | 11:07, terça-feira, 28 setembro 2010
Uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha e divulgada nesta terça-feira aponta uma diminuição da vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, na disputa pelas intenções de voto para as eleições de domingo, o que aumentaria as chances de realização de um segundo turno.
Segundo o levantamento, Dilma teria 46% das intenções de voto, contra 28% do candidato do PSDB, José Serra, e 14% de Marina Silva, do PV.
A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Os votos brancos e nulos somam 4%, e os indecisos, 7%.
Levando-se em conta apenas os votos válidos, Dilma teria 51%, contra 32% de Serra e 16% de Marina Silva.
Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, Dilma poderia ter tanto 53% dos votos válidos – podendo vencer no primeiro turno – quanto 49%, o que levaria a disputa para um segundo turno.
Para ganhar no primeiro turno, a candidata precisa de mais da metade dos votos válidos.
Segundo turno
No levantamento anterior do instituto, Dilma aparecia com 49% das intenções, contra 28% de Serra e 13% de Marina.
Em uma simulação de segundo turno, a vantagem da petista em relação a Serra também diminuiu. Na última pesquisa, Dilma tinha 55% dos votos. Hoje teria 52%. Serra passou de 38% para 39% no período.
Uma pesquisa Ibope divulgada na última sexta-feira também apontou uma oscilação negativa de Dilma, que teria 50% das intenções contra 28% de Serra e 12% de Marina.
Joao Fellet | 11:07, terça-feira, 28 setembro 2010
Uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha e divulgada nesta terça-feira aponta uma diminuição da vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, na disputa pelas intenções de voto para as eleições de domingo, o que aumentaria as chances de realização de um segundo turno.
Segundo o levantamento, Dilma teria 46% das intenções de voto, contra 28% do candidato do PSDB, José Serra, e 14% de Marina Silva, do PV.
A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Os votos brancos e nulos somam 4%, e os indecisos, 7%.
Levando-se em conta apenas os votos válidos, Dilma teria 51%, contra 32% de Serra e 16% de Marina Silva.
Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, Dilma poderia ter tanto 53% dos votos válidos – podendo vencer no primeiro turno – quanto 49%, o que levaria a disputa para um segundo turno.
Para ganhar no primeiro turno, a candidata precisa de mais da metade dos votos válidos.
Segundo turno
No levantamento anterior do instituto, Dilma aparecia com 49% das intenções, contra 28% de Serra e 13% de Marina.
Em uma simulação de segundo turno, a vantagem da petista em relação a Serra também diminuiu. Na última pesquisa, Dilma tinha 55% dos votos. Hoje teria 52%. Serra passou de 38% para 39% no período.
Uma pesquisa Ibope divulgada na última sexta-feira também apontou uma oscilação negativa de Dilma, que teria 50% das intenções contra 28% de Serra e 12% de Marina.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
COMÍCIO EM SÃO PAULO - LULA SE EMOCIONA E DILMA PEDE "DERROTA AO MEDO E ÓDIO"
Do Estadão.com.br
‘Os tucanos já tiveram a chance deles’ em São Paulo, diz Lula em comício final por Jair Stangler
Seção: Coberturas ao vivo
Eleições
27.setembro.2010 21:31:41
Rodrigo Alvares
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que São Paulo precisa eleger Aloizio Mercadante para o governo de São Paulo porque o Estado tem “uma dívida com a Nação” durante comício realizado no início da noite desta segunda-feira, 27, no Sambódromo do Anhembi – zona norte da capital paulista. Com uma chuva intermitente desde o início da noite, o presidente disse que “os tucanos já tiveram a chance deles. Eu acho que é hora de colocar uma estrela no governo de São Paulo. Lula se emocionou com uma faixa gigante nas arquibancadas escrita “Valeu, presidente Lula”. “Eu não quero ler a faixa porque ainda tenho 3 meses de governo. Não são vocês que têm de me agradecer. Sou eu”, declarou.
Em seu último comício na campanha à Presidência da República, Dilma Rousseff disse: “Vamos derrubar o medo e o ódio que tentam fazer dessa eleição”. A petista voltou a assumir o compromisso de erradicar a miséria e lembrou que “somos aqueles que tiraram 28 milhões da linha da pobreza. Dilma pediu serenidade e determinação aos militantes para ir à rua nos últimos dias da campanha.
Candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, Mercadante afirmou: “Eles podem ter mais tempo de TV, podem ter apoio da imprensa, mas nunca vão comprar as consciências de vocês. Podem fazer o que quiser, mas jamais vão poder apagar da história desse País o que representa o governo Lula”. O senador ainda falou que sofre do mesmo preconceito que o então candidato Lula tinha antes de ser presidente: “Muita gente tenta fazer crer que nós não temos condições de governar São Paulo”.
POR QUE DILMA!
Artigo publicado no Jornal Folha de São Paulo de hoje na página "Tendências e Debates"
GILBERTO CARVALHO
Por que Dilma
--------------------------------------------------------------------------------
Dilma, que tem, sobretudo, um coração sensível, pode levar adiante a reconstrução de nosso povo, para o bem da democracia plena e verdadeira
--------------------------------------------------------------------------------
Porque queremos que esta nova luz que começou a brilhar no olhar de milhões de brasileiros, como sinal de afirmação humana e cidadã, continue a brilhar sempre mais.
Porque queremos que esta autoestima que se afirma no coração e na mente de um povo por tanto tempo humilhado e excluído se consolide e afugente para sempre o triste "complexo de vira-latas" que vitimou aqueles que diziam nos representar.
Porque sabemos que a chave e a questão mais profunda do atual debate eleitoral é esta: a emergência de uma nova consciência, de um novo posicionamento de milhões de pessoas mantidas até aqui cuidadosamente "em seu lugar", destinadas apenas a reproduzir a riqueza e a reproduzir o pensamento, usos e costumes dos senhores e dos "formadores de opinião".
O significado do governo deste presidente, que desconcerta tanto os seguidores dos velhos manuais, vai muito além do novo posicionamento do Brasil na comunidade internacional; vai muito além da implementação deste modelo econômico que nos permitiu crescer e ao mesmo tempo distribuir renda e retirar milhões da miséria.
Vai muito além dos benefícios sociais e de tantas conquistas obtidas pelas maiorias e minorias marginalizadas, levando mais de 30 milhões de brasileiros a ingressar na classe média.
Todas elas são, por certo, muito importantes e constituem base material que assegura o apoio ao presidente e a seu governo, mesmo após anos seguidos da mais dura e absolutamente livre crítica, muitas vezes infundada, desrespeitosa e eivada de vil preconceito.
Na verdade, o significado mais profundo do exercício do governo por este "sobrevivente da tribulação", com todos os seus limites e erros, é esta ruptura que ocorre quando a população percebe que "um de nós" mostra ser possível ultrapassar muros antes intransponíveis.
Porque esta relação com um presidente que representa as maiorias não só por ter sido eleito mas por "ser um dos nossos" produziu no nosso povo um fenômeno inédito, de identificação que teve consequências de difícil avaliação.
Porque esta identificação não ficou apenas na simples contemplação, mas na assunção efetiva de um novo papel que as grandes maiorias passaram a exercer.
Essa gente começa a ocupar seu novo lugar e a exigir a vigência de uma democracia verdadeira, em que novos direitos são conquistados e partilhados, sem guerras, mas com muita firmeza.
Esse povo começa a pisar em terrenos antes proibidos, do Palácio do Planalto às poltronas dos aviões, dos supermercados e lojas de eletrodomésticos às universidades, teatros e cinemas... Essa gente começa a pensar com cabeça própria. E aí não tem volta.
É, de fato, muito difícil para a casa grande, particularmente para seus áulicos, admitir que a senzala se moveu e que não se sabe onde isso pode parar. Isso explica a raiva destilada em tantos textos de iluminados e donos da verdade... É justamente este processo do nosso povo, com o qual sempre sonhamos, e que apenas começa, que queremos ver continuar... E Dilma, que não tem um projeto pessoal, mas que se entrega a um projeto coletivo; Dilma, que tem toda a energia deste povo com quem passou a conviver; que tem grande competência, forjada em tantos anos de trabalho, e que tem, sobretudo, um coração sensível, pode levar adiante esta reconstrução de nosso povo e do nosso país.
Para o bem da democracia plena e verdadeira. Para o bem da paz social, do respeito aos direitos de todos e para a queda de tantos muros que até aqui separam irmãos. Por isso, Dilma!
GILBERTO CARVALHO, 59, é chefe de gabinete da Presidência da República.
GILBERTO CARVALHO
Por que Dilma
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Dilma, que tem, sobretudo, um coração sensível, pode levar adiante a reconstrução de nosso povo, para o bem da democracia plena e verdadeira
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Porque queremos que esta nova luz que começou a brilhar no olhar de milhões de brasileiros, como sinal de afirmação humana e cidadã, continue a brilhar sempre mais.
Porque queremos que esta autoestima que se afirma no coração e na mente de um povo por tanto tempo humilhado e excluído se consolide e afugente para sempre o triste "complexo de vira-latas" que vitimou aqueles que diziam nos representar.
Porque sabemos que a chave e a questão mais profunda do atual debate eleitoral é esta: a emergência de uma nova consciência, de um novo posicionamento de milhões de pessoas mantidas até aqui cuidadosamente "em seu lugar", destinadas apenas a reproduzir a riqueza e a reproduzir o pensamento, usos e costumes dos senhores e dos "formadores de opinião".
O significado do governo deste presidente, que desconcerta tanto os seguidores dos velhos manuais, vai muito além do novo posicionamento do Brasil na comunidade internacional; vai muito além da implementação deste modelo econômico que nos permitiu crescer e ao mesmo tempo distribuir renda e retirar milhões da miséria.
Vai muito além dos benefícios sociais e de tantas conquistas obtidas pelas maiorias e minorias marginalizadas, levando mais de 30 milhões de brasileiros a ingressar na classe média.
Todas elas são, por certo, muito importantes e constituem base material que assegura o apoio ao presidente e a seu governo, mesmo após anos seguidos da mais dura e absolutamente livre crítica, muitas vezes infundada, desrespeitosa e eivada de vil preconceito.
Na verdade, o significado mais profundo do exercício do governo por este "sobrevivente da tribulação", com todos os seus limites e erros, é esta ruptura que ocorre quando a população percebe que "um de nós" mostra ser possível ultrapassar muros antes intransponíveis.
Porque esta relação com um presidente que representa as maiorias não só por ter sido eleito mas por "ser um dos nossos" produziu no nosso povo um fenômeno inédito, de identificação que teve consequências de difícil avaliação.
Porque esta identificação não ficou apenas na simples contemplação, mas na assunção efetiva de um novo papel que as grandes maiorias passaram a exercer.
Essa gente começa a ocupar seu novo lugar e a exigir a vigência de uma democracia verdadeira, em que novos direitos são conquistados e partilhados, sem guerras, mas com muita firmeza.
Esse povo começa a pisar em terrenos antes proibidos, do Palácio do Planalto às poltronas dos aviões, dos supermercados e lojas de eletrodomésticos às universidades, teatros e cinemas... Essa gente começa a pensar com cabeça própria. E aí não tem volta.
É, de fato, muito difícil para a casa grande, particularmente para seus áulicos, admitir que a senzala se moveu e que não se sabe onde isso pode parar. Isso explica a raiva destilada em tantos textos de iluminados e donos da verdade... É justamente este processo do nosso povo, com o qual sempre sonhamos, e que apenas começa, que queremos ver continuar... E Dilma, que não tem um projeto pessoal, mas que se entrega a um projeto coletivo; Dilma, que tem toda a energia deste povo com quem passou a conviver; que tem grande competência, forjada em tantos anos de trabalho, e que tem, sobretudo, um coração sensível, pode levar adiante esta reconstrução de nosso povo e do nosso país.
Para o bem da democracia plena e verdadeira. Para o bem da paz social, do respeito aos direitos de todos e para a queda de tantos muros que até aqui separam irmãos. Por isso, Dilma!
GILBERTO CARVALHO, 59, é chefe de gabinete da Presidência da República.
sábado, 25 de setembro de 2010
A ONDA VERMELHA
Da Revista ISTOÉ
De cima a baixo no País, o eleitor apoia a continuidade e tende a garantir uma quase inédita maioria governista no Congresso
Octávio Costa e Sérgio Pardellas – ISTOÉ
SEM PARAR
Eleitores de todas as classes sociais
mostram desejo de continuidade
Na esteira da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, uma onda vermelha está tomando conta do País. No início da corrida eleitoral, essa imagem foi cunhada pelos estrategistas da campanha do PT para motivar a militância. Mas, agora, tornou-se realidade. As pesquisas de opinião revelam a supremacia dos candidatos governistas na maioria dos Estados, o que poderá garantir a um eventual governo Dilma ampla maioria na Câmara e no Senado. Surfando numa maré mais favorável do que aquela que levou o ex-metalúrgico Lula ao Palácio do Planalto em 2002, os candidatos da base aliada aos governos estaduais lideram as eleições em 19 das 27 unidades da Federação. Na disputa pelas cadeiras do Senado, a onda vermelha é tão volumosa que deverá eleger 58 dos 81 representantes e deixar sem mandato quadros históricos da oposição. Na Câmara, os partidos governistas devem conquistar 401 dos 513 assentos.
“Acho que vamos assistir a uma vitória esmagadora dos partidos da coalizão do governo”, prevê o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Monteiro.
MAIORIA
Sólido apoio no Congresso pode facilitar a aprovação
das reformas estruturais de que o País necessita
Não bastasse a liderança em 21 Estados, Dilma está na frente de José Serra (PSDB) em locais em que Lula foi derrotado pela oposição em 2006. Apesar da oscilação registrada na última semana, a ex-ministra está perto da vitória em antigos redutos oposicionistas como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Na maioria dos Estados em que ela lidera as pesquisas, os candidatos que apoia também estão na dianteira. Bons exemplos são o Rio de Janeiro e a Bahia, onde os governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Jaques Wagner (PT) são favoritos para se reeleger no primeiro turno. Como exceções aparecem Minas Gerais, com Antonio Anastasia (PSDB) na liderança, e São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) supera Aloizio Mercadante (PT). No Paraná, a onda vermelha já proporcionou uma grande virada. As últimas pesquisas mostram que o tucano Beto Richa, antes favorito ao governo, perdeu o primeiro lugar para Osmar Dias (PDT). Reviravoltas também têm ocorrido na disputa para o Senado. Até então cotado para uma das vagas do Rio, Cesar Maia (DEM) foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (PT). No Amazonas, Arthur Virgílio perdeu o segundo lugar para Vanessa Grazziotin (PCdoB). Em Pernambuco, Marco Maciel (DEM), segundo colocado atrás de Humberto Costa (PT), foi ultrapassado por Armando Monteiro Neto (PTB).
A inédita sintonia fina entre Executivo e Legislativo, a partir de 2011, trará benefícios para o Brasil. Caso se confirme a sólida maioria no Congresso do possível futuro governo Dilma Rousseff, o Brasil terá finalmente a chance de aprovar as mudanças estruturais que se fazem necessárias há anos, como as reformas política e tributária. “A agenda congressual a partir do ano que vem exigirá a votação das reformas. Com maioria no Legislativo e vontade política, será possível avançar nessas questões”, afirma David Fleischer, cientista político da UnB. Outro aspecto importante é a possibilidade da formação de uma concertação política, composta por partidos aliados chancelados pelo desejo popular. Desde a redemocratização do País, os governos construíram suas maiorias pelas artes do fisiologismo e das políticas do toma-lá-dá-cá, numa espécie de balcão de negócios em pleno Congresso. Nesse novo cenário, queiram ou não, deputados e senadores serão levados a participar de uma ação conjunta, na qual é de esperar que os objetivos políticos se sobreponham à visão patrimonialista do mandato.
APOIO
Participação de Lula na campanha
de Dilma incomodou a oposição
Há quem afirme que a concentração de poder nas mãos do Executivo, com o Legislativo dócil à vontade do Planalto, pode permitir uma recaída autoritária. O temor não se justifica. Não há ambiente no Brasil para esse tipo de surto. As instituições são sólidas e democráticas, e não há espaço para mudanças constitucionais em benefício de um partido, como aconteceu na história do México, onde o PRI controlou a vida política por 71 anos, graças ao domínio da máquina pública. “O que aconteceu no México foi muito diferente. O PRI chegou ao poder quando a economia mexicana, a sociedade e os políticos eram muito rudimentares e eles forjaram instituições para guiar o desenvolvimento em todas as áreas. Já o PT emergiu no momento em que a economia e as instituições já estavam consolidadas”, compara o brasilianista Peter Hakim, presidente do Interamerican Dialog.
MINORIA
No Largo de São Francisco (SP), menos de 100
pessoas lançam o manifesto
Contrariando todas as evidências, intelectuais e setores da elite, em São Paulo divulgaram, na semana passada, um manifesto em defesa da democracia e da liberdade de expressão. Um dia depois, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, instituição marcada pelo apoio ao antigo regime de exceção que infernizou o País por 20 anos, promovia um inusitado painel de debates para discutir também supostos riscos à democracia no País. Tanto o documento do grupo de intelectuais quanto os debates dos militares ficaram a um passo de questionar a própria legitimidade da eleição de Dilma, em razão da participação do presidente Lula na campanha. Ambos não levaram em conta que a legitimidade brota das urnas. Embora o eleitor manifeste maciçamente sua intenção de votar pela continuidade das políticas oficiais, a opinião pública não vem sendo espelhada na ação de alguns agentes do processo político. O que parece ter sido esquecido no manifesto oposicionista de tendências golpistas é que a democracia é exercida pelo voto.
EQUÍVOCO
Um manifesto oportunista tentou passar a mensagem de que
há uma ameaça à democracia. Esqueceu que a legitimidade vem pelo voto
O temor de uma vaga autoritária por parte do governo é deslocado da realidade. Não reflete o momento que o Brasil vive. Não há sinais concretos de que o presidente Lula tenha atentado contra a liberdade de imprensa. Ele vem fazendo apenas críticas pontuais, direito que não pode ser negado a qualquer cidadão, muito menos ao presidente. De resto, desde a luta contra a ditadura, Lula mostrou-se defensor intransigente das liberdades democráticas. “É incrível como as pessoas ficam empurrando o Lula para o chavismo, quando ele tem permanentemente se recusado a cruzar essa fronteira”, rebate o ex-ministro Delfim Netto, com a ironia de sempre. Delfim tem razão. A não ser que o observador da cena nacional, assustado com a onda vermelha, queira ver chifre em cabeça de cavalo.
De cima a baixo no País, o eleitor apoia a continuidade e tende a garantir uma quase inédita maioria governista no Congresso
Octávio Costa e Sérgio Pardellas – ISTOÉ
SEM PARAR
Eleitores de todas as classes sociais
mostram desejo de continuidade
Na esteira da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, uma onda vermelha está tomando conta do País. No início da corrida eleitoral, essa imagem foi cunhada pelos estrategistas da campanha do PT para motivar a militância. Mas, agora, tornou-se realidade. As pesquisas de opinião revelam a supremacia dos candidatos governistas na maioria dos Estados, o que poderá garantir a um eventual governo Dilma ampla maioria na Câmara e no Senado. Surfando numa maré mais favorável do que aquela que levou o ex-metalúrgico Lula ao Palácio do Planalto em 2002, os candidatos da base aliada aos governos estaduais lideram as eleições em 19 das 27 unidades da Federação. Na disputa pelas cadeiras do Senado, a onda vermelha é tão volumosa que deverá eleger 58 dos 81 representantes e deixar sem mandato quadros históricos da oposição. Na Câmara, os partidos governistas devem conquistar 401 dos 513 assentos.
“Acho que vamos assistir a uma vitória esmagadora dos partidos da coalizão do governo”, prevê o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Monteiro.
MAIORIA
Sólido apoio no Congresso pode facilitar a aprovação
das reformas estruturais de que o País necessita
Não bastasse a liderança em 21 Estados, Dilma está na frente de José Serra (PSDB) em locais em que Lula foi derrotado pela oposição em 2006. Apesar da oscilação registrada na última semana, a ex-ministra está perto da vitória em antigos redutos oposicionistas como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Na maioria dos Estados em que ela lidera as pesquisas, os candidatos que apoia também estão na dianteira. Bons exemplos são o Rio de Janeiro e a Bahia, onde os governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Jaques Wagner (PT) são favoritos para se reeleger no primeiro turno. Como exceções aparecem Minas Gerais, com Antonio Anastasia (PSDB) na liderança, e São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) supera Aloizio Mercadante (PT). No Paraná, a onda vermelha já proporcionou uma grande virada. As últimas pesquisas mostram que o tucano Beto Richa, antes favorito ao governo, perdeu o primeiro lugar para Osmar Dias (PDT). Reviravoltas também têm ocorrido na disputa para o Senado. Até então cotado para uma das vagas do Rio, Cesar Maia (DEM) foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (PT). No Amazonas, Arthur Virgílio perdeu o segundo lugar para Vanessa Grazziotin (PCdoB). Em Pernambuco, Marco Maciel (DEM), segundo colocado atrás de Humberto Costa (PT), foi ultrapassado por Armando Monteiro Neto (PTB).
A inédita sintonia fina entre Executivo e Legislativo, a partir de 2011, trará benefícios para o Brasil. Caso se confirme a sólida maioria no Congresso do possível futuro governo Dilma Rousseff, o Brasil terá finalmente a chance de aprovar as mudanças estruturais que se fazem necessárias há anos, como as reformas política e tributária. “A agenda congressual a partir do ano que vem exigirá a votação das reformas. Com maioria no Legislativo e vontade política, será possível avançar nessas questões”, afirma David Fleischer, cientista político da UnB. Outro aspecto importante é a possibilidade da formação de uma concertação política, composta por partidos aliados chancelados pelo desejo popular. Desde a redemocratização do País, os governos construíram suas maiorias pelas artes do fisiologismo e das políticas do toma-lá-dá-cá, numa espécie de balcão de negócios em pleno Congresso. Nesse novo cenário, queiram ou não, deputados e senadores serão levados a participar de uma ação conjunta, na qual é de esperar que os objetivos políticos se sobreponham à visão patrimonialista do mandato.
APOIO
Participação de Lula na campanha
de Dilma incomodou a oposição
Há quem afirme que a concentração de poder nas mãos do Executivo, com o Legislativo dócil à vontade do Planalto, pode permitir uma recaída autoritária. O temor não se justifica. Não há ambiente no Brasil para esse tipo de surto. As instituições são sólidas e democráticas, e não há espaço para mudanças constitucionais em benefício de um partido, como aconteceu na história do México, onde o PRI controlou a vida política por 71 anos, graças ao domínio da máquina pública. “O que aconteceu no México foi muito diferente. O PRI chegou ao poder quando a economia mexicana, a sociedade e os políticos eram muito rudimentares e eles forjaram instituições para guiar o desenvolvimento em todas as áreas. Já o PT emergiu no momento em que a economia e as instituições já estavam consolidadas”, compara o brasilianista Peter Hakim, presidente do Interamerican Dialog.
MINORIA
No Largo de São Francisco (SP), menos de 100
pessoas lançam o manifesto
Contrariando todas as evidências, intelectuais e setores da elite, em São Paulo divulgaram, na semana passada, um manifesto em defesa da democracia e da liberdade de expressão. Um dia depois, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, instituição marcada pelo apoio ao antigo regime de exceção que infernizou o País por 20 anos, promovia um inusitado painel de debates para discutir também supostos riscos à democracia no País. Tanto o documento do grupo de intelectuais quanto os debates dos militares ficaram a um passo de questionar a própria legitimidade da eleição de Dilma, em razão da participação do presidente Lula na campanha. Ambos não levaram em conta que a legitimidade brota das urnas. Embora o eleitor manifeste maciçamente sua intenção de votar pela continuidade das políticas oficiais, a opinião pública não vem sendo espelhada na ação de alguns agentes do processo político. O que parece ter sido esquecido no manifesto oposicionista de tendências golpistas é que a democracia é exercida pelo voto.
EQUÍVOCO
Um manifesto oportunista tentou passar a mensagem de que
há uma ameaça à democracia. Esqueceu que a legitimidade vem pelo voto
O temor de uma vaga autoritária por parte do governo é deslocado da realidade. Não reflete o momento que o Brasil vive. Não há sinais concretos de que o presidente Lula tenha atentado contra a liberdade de imprensa. Ele vem fazendo apenas críticas pontuais, direito que não pode ser negado a qualquer cidadão, muito menos ao presidente. De resto, desde a luta contra a ditadura, Lula mostrou-se defensor intransigente das liberdades democráticas. “É incrível como as pessoas ficam empurrando o Lula para o chavismo, quando ele tem permanentemente se recusado a cruzar essa fronteira”, rebate o ex-ministro Delfim Netto, com a ironia de sempre. Delfim tem razão. A não ser que o observador da cena nacional, assustado com a onda vermelha, queira ver chifre em cabeça de cavalo.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
IBOPE - DILMA MANTÉM LIDERANÇA COM 50%; SERRA CHEGA A 28% E MARINA A 12%
Do UOL Eleições
Em São PauloPesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (24), mostra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, liderando a disputa com 50% das intenções de voto, contra 28% de José Serra (PSDB). Em terceiro lugar aparece a candidata do PV, Marina Silva, com 12%.
Os demais candidatos, individualmente, não obtiveram mais de 1% dos votos. Votos brancos ou nulos somariam 5%, e indecisos, 5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Com relação à última pesquisa Ibope, divulgada em 17 de setembro, a petista caiu um ponto percentual. Serra subiu três pontos percentuais e a candidata do PV, quatro pontos percentuais.
Num eventual segundo turno, Dilma teria 54%, contra 32% de Serra. Votos brancos ou nulos somariam 7, e indecisos, 7%.
A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 23 de setembro, com 3.010 pessoas em 202 municípios, e está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob protocolo nº 31689/2010.
Em São PauloPesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (24), mostra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, liderando a disputa com 50% das intenções de voto, contra 28% de José Serra (PSDB). Em terceiro lugar aparece a candidata do PV, Marina Silva, com 12%.
Os demais candidatos, individualmente, não obtiveram mais de 1% dos votos. Votos brancos ou nulos somariam 5%, e indecisos, 5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Com relação à última pesquisa Ibope, divulgada em 17 de setembro, a petista caiu um ponto percentual. Serra subiu três pontos percentuais e a candidata do PV, quatro pontos percentuais.
Num eventual segundo turno, Dilma teria 54%, contra 32% de Serra. Votos brancos ou nulos somariam 7, e indecisos, 7%.
A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 23 de setembro, com 3.010 pessoas em 202 municípios, e está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob protocolo nº 31689/2010.
VOZ POPULI/BAND/IG - ALCKIN CAI E VITÓRIA NO 1º TURNO É AMEADA
Tucano aparece com 40% das intenções de voto, mesma soma dos adversários; Mercadante sobe de 17% para 28%
O cenário de vitória do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) logo no primeiro turno, em São Paulo, está ameaçado, de acordo com a mais recente pesquisa Vox Populi/Band/iG. O tucano perdeu nove pontos em relação ao último levantamento, em agosto, e conta agora com 40% das intenções de voto – exatamente a soma do desempenho dos quatro principais adversários.
O senador Aloizio Mercadante, do PT, foi quem mais cresceu: saltou de 17% para 28% entre agosto e setembro. Celso Russomano (PP) oscilou dois pontos para baixo e aparece agora com 7%. Paulo Skaf (PSB), que antes tinha 1%, soma agora 3%. Fábio Feldmann, do PV, tem 2% das preferências. Com o cenário, fica no limite a possibilidade de a disputa ser decidida no primeiro turno. Em julho, a distância de Alckmin em relação à soma dos demais candidatos era de 18%.
A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. A pesquisa, registrada do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 31.704/10, ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 21 de setembro.
O índice dos que se dizem indecisos ou não responderam à pesquisa é de 13% em São Paulo, ainda segundo o Vox Populi. Brancos e nulos somam 7%.
Na pesquisa espontânea, quando o nome dos candidatos não é apresentado ao eleitor, Alckmin soma 32% e Mercadante, 23% - o petista tinha 7% há um mês.
O crescimento do petista acontece num momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou a campanha petista no maior colégio eleitoral do País, tanto na TV como em comícios.
Mercadante se beneficiou também do crescimento de Dilma Rousseff, presidenciável petista, no Estado. Entre agosto e setembro, a ex-ministra da Casa Civil cresceu dez pontos e hoje soma 43% das preferências. Já o tucano José Serra, que tinha 40% das intenções de voto, aparece agora com 29%.
A candidata Marina Silva, do PV, subiu três pontos e agora conta com 12%. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) é o candidato favorito de 1% dos eleitores paulistas – os demais não somam 1%.
Em São Paulo, o índice de quem não sabe ou não respondeu em quem pretende votar para presidente no dia 3 de outubro é de 9%. Outros 6% dizem votar nulo ou em branco.
Senado
A disputa para o Senado também apresentou mudanças em relação à pesquisa anterior. A candidata Marta Suplicy (PT) oscilou dois pontos para cima e agora tem 36% das intenções de voto.
A ex-prefeita de São Paulo, no entanto, observa o crescimento mais acelerado de dois adversários com chances de obter as vagas no Senado. Netinho de Paula (PC do B), candidato na chapa petista, saltou de 16% para 33% em um mês, enquanto Aloysio Nunes (PSDB) praticamente quadruplicou seu desempenho e chegou agora a 22% após a saída de Orestes Quércia (PMDB) da disputa. Romeu Tuma (PTB) tem 16% das preferências – eram 19% em agosto.
O cenário, no entanto, tende a mudar até o dia da votação, já que 21% dos eleitores paulistas ainda se dizem indecisos. Brancos e nulos somam 14%.
O cenário de vitória do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) logo no primeiro turno, em São Paulo, está ameaçado, de acordo com a mais recente pesquisa Vox Populi/Band/iG. O tucano perdeu nove pontos em relação ao último levantamento, em agosto, e conta agora com 40% das intenções de voto – exatamente a soma do desempenho dos quatro principais adversários.
O senador Aloizio Mercadante, do PT, foi quem mais cresceu: saltou de 17% para 28% entre agosto e setembro. Celso Russomano (PP) oscilou dois pontos para baixo e aparece agora com 7%. Paulo Skaf (PSB), que antes tinha 1%, soma agora 3%. Fábio Feldmann, do PV, tem 2% das preferências. Com o cenário, fica no limite a possibilidade de a disputa ser decidida no primeiro turno. Em julho, a distância de Alckmin em relação à soma dos demais candidatos era de 18%.
A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. A pesquisa, registrada do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 31.704/10, ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 21 de setembro.
O índice dos que se dizem indecisos ou não responderam à pesquisa é de 13% em São Paulo, ainda segundo o Vox Populi. Brancos e nulos somam 7%.
Na pesquisa espontânea, quando o nome dos candidatos não é apresentado ao eleitor, Alckmin soma 32% e Mercadante, 23% - o petista tinha 7% há um mês.
O crescimento do petista acontece num momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou a campanha petista no maior colégio eleitoral do País, tanto na TV como em comícios.
Mercadante se beneficiou também do crescimento de Dilma Rousseff, presidenciável petista, no Estado. Entre agosto e setembro, a ex-ministra da Casa Civil cresceu dez pontos e hoje soma 43% das preferências. Já o tucano José Serra, que tinha 40% das intenções de voto, aparece agora com 29%.
A candidata Marina Silva, do PV, subiu três pontos e agora conta com 12%. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) é o candidato favorito de 1% dos eleitores paulistas – os demais não somam 1%.
Em São Paulo, o índice de quem não sabe ou não respondeu em quem pretende votar para presidente no dia 3 de outubro é de 9%. Outros 6% dizem votar nulo ou em branco.
Senado
A disputa para o Senado também apresentou mudanças em relação à pesquisa anterior. A candidata Marta Suplicy (PT) oscilou dois pontos para cima e agora tem 36% das intenções de voto.
A ex-prefeita de São Paulo, no entanto, observa o crescimento mais acelerado de dois adversários com chances de obter as vagas no Senado. Netinho de Paula (PC do B), candidato na chapa petista, saltou de 16% para 33% em um mês, enquanto Aloysio Nunes (PSDB) praticamente quadruplicou seu desempenho e chegou agora a 22% após a saída de Orestes Quércia (PMDB) da disputa. Romeu Tuma (PTB) tem 16% das preferências – eram 19% em agosto.
O cenário, no entanto, tende a mudar até o dia da votação, já que 21% dos eleitores paulistas ainda se dizem indecisos. Brancos e nulos somam 14%.
PETROBRAS DEFINE VALORES E PODE CAPTAR ATÉ R$ 120 BI
Petrobras vai captar até R$ 120 bilhões
Autor(es): Graziella Valenti e Fernando Torres
Valor Econômico - 24/09/2010
As ações ordinárias da Petrobras (com direito a voto) serão vendidas a R$ 29,65 e as preferenciais, a R$ 26,30, na maior oferta pública já realizada em toda a história. As ordinárias tiveram um desconto de 1,98% em relação ao fechamento de ontem e as preferenciais, de 1,87%. A companhia contrariou a expectativa do mercado e não vendeu integralmente o lote adicional de 20% do valor da oferta e sim 8,57%. Isso pode ser resultado de uma demanda não tão alta como se dizia ou então de decisão da empresa de não atender todo o mercado, a fim de estimular uma alta das ações a partir de hoje.
Sem contar o lote suplementar, de 5% da oferta, que também foi registrado e pode ou não ser vendido até 25 de outubro, a oferta vai movimentar R$ 115,05 bilhões. Se esse volume extra for mesmo vendido, a operação pode chegar aos R$ 120,36 bilhões. A informação sobre se houve ou não rateio na oferta destinada aos pequenos investidores será conhecida hoje, com a publicação do anúncio de início da operação. Também não é possível dizer, ainda, se a União conseguiu colocar os R$ 74,8 bilhões pretendidos na operação.
A Petrobras determinou na noite de ontem a que preço serão vendidas as ações da companhia em uma das maiores ofertas públicas já realizadas, que pode chegar a R$ 120,36 bilhões, com a emissão de 2,4 bilhões de ações ordinárias e de 1,8 bilhões de papéis preferenciais.
A ação ordinária, com direito a voto, será vendida a R$ 29,65, com desconto de 1,98% em relação ao fechamento de ontem. Cada papel preferencial, sem voto, sairá a R$ 26,30 na oferta, valor 1,87% menor que a cotação de quinta-feira.
Ao contrário do que era a expectativa do mercado ontem durante o dia, a empresa não vendeu integralmente o lote adicional, de 20% do valor da oferta, conforme os dados disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O lote teria ficado em 8,57% da oferta.
Isso pode ser resultado tanto de uma demanda não tão alta como se dizia ou então da decisão da empresa de não atender todo o mercado, a fim de estimular uma alta a partir de hoje.
Mesmo assim, a operação coloca a Petrobras disparada como a maior empresa do mercado brasileiro. Com isso, capitalização da estatal pode subir, numa só tacada, dos R$ 252,6 bilhões do fechamento de ontem para R$ 370 bilhões. A segunda maior empresa é a Vale, avaliada ontem em R$ 248,1 bilhões.
Entretanto, ainda estaria longe da máxima já alcançada pela companhia. Num fechamento de mês, o maior valor já registrado ocorreu em maio de 2008, quando valia mais de R$ 470 bilhões.
Sem contar o lote suplementar, de 5% da oferta, que também foi registrado, mas pode ou não ser exercido até 25 de outubro, a oferta vai movimentar R$ 115,05 bilhões. Se esse volume extra for mesmo vendido, a operação pode chegar aos R$ 120,36 bilhões.
Tendo em conta o dólar de ontem, R$ 1,72, a oferta tem potencial para somar US$ 69,98 bilhões, que se equipara à maior distribuição pública de ações até então, a da japonesa Nippon Telephone & Telegraph, feita em 1987, no valor de US$ 36,8 bilhões - cerca de US$ 70 bilhões em valores atualizados.
A informação sobre se houve ou não rateio na oferta destinada aos pequenos investidores será conhecida hoje, com a publicação do anúncio de início da operação. Também não é possível dizer, ainda, se a União conseguiu colocar os R$ 74,8 bilhões pretendidos na operação, seja via Tesouro Nacional, ou por meio do BNDES, Fundo Soberano do Brasil ou Caixa Econômica Federal.
Caso realmente tenha colocado, sua fatia no capital da Petrobras subirá dos atuais 39,8% para cerca de 47%, a depender do exercício do lote suplementar e também da distribuição entre ações ordinárias e preferenciais compradas.
Do dinheiro total levantado na oferta, R$ 74,8 bilhões (mesmo volume que o governo pretendia aportar) serão usados para a compra dos direitos de exploração de 5 bilhões de barris de óleo equivalente de sete áreas da camada pré-sal, conforme o contrato de cessão onerosa.
A diferença, que deve ficar entre R$ 40,24 bilhões e R$ 45,55 bilhões, vai para o caixa da estatal, que tem um plano de investimento de US$ 224 bilhões para os próximos cinco anos. Esse volume não inclui o total que será necessário para explorar os 5 bilhões de barris comprados na operação casada com a capitalização.
Os novos recibos de ações (ADRs) que foram emitidos na capitalização começam a ser negociados a partir de hoje pelos investidores estrangeiros na bolsa de Nova York. Já os papéis que foram vendidos na parcela brasileira da oferta só estarão disponíveis para os investidores locais na segunda-feira. A liquidação financeira da operação será no dia 29.
A alta dos papéis da Petrobras ontem surpreendeu o mercado, dado que o mais comum é que as ações caiam no dia em que se recebe as últimas ordens de compra em uma oferta pública.
Os investidores tendem a pressionar as cotações para baixo, com a expectativa de comprar as ações em condições mais favoráveis. A praxe é que a ação seja vendida abaixo do preço de fechamento de mercado, ou no máximo pela mesma cotação.
As explicações dos especialistas sobre o movimento atípico de ontem variavam. Uma delas é de que os investidores, ao perceberem que a demanda era boa, concluíram que não conseguiriam comprar todos os papéis desejados, e se anteciparam para adquiri-los diretamente no mercado. Isso teria sido feito especialmente pelos investidores locais, que tiveram presença maior na parcela prioritária da oferta, equivalente a 80% do total (sem incluir os lotes extras), que foi destinada aos atuais acionistas.
Nessa parcela da oferta os investidores tinham opção de apontar um valor máximo pelo qual comprariam cada ação. Alguns teriam colocado preços que estavam bem abaixo da cotação de ontem e viram que não teriam os pedidos de reserva aceitos. Assim, foram a mercado em busca das ações.
A preocupação de não ter os papéis da Petrobras em quantidade suficiente em carteira se explica pelo peso que a ação tem não apenas no Ibovespa, mas também no IBrX, muito usado por fundos de pensão, e índice MSCI, preferido dos estrangeiros. Nesses dois últimos, o aumento de peso provocado pela oferta é imediato. E ninguém quer ficar com uma carteira muito longe do referencial.
DEMOCRACIA - MACUNAÍMA NÃO FOI AO ATO
Do site Observatório da Imprensa
Por Luciano Martins Costa em 23/9/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 23/9/2010
O número de manifestantes não foi suficiente para preencher o espaço montado diante das arcadas da faculdade de Direito do Largo de São Francisco, no centro de São Paulo, mas o evento foi considerado importante o suficiente para compor a manchete da edição de quinta-feira (23/9) do Estado de S.Paulo.
Olhando-se as fotos da manifestação, nota-se que o cidadão comum, aquele que certos intelectuais costumam chamar de "macunaíma", não compareceu. "Juristas, acadêmicos e artistas, além de políticos tucanos", segundo o jornal, fizeram o Manifesto em Defesa da Democracia, no qual acusam o presidente Lula da Silva, que deve deixar o cargo no final do ano, de tramar contra as liberdades civis.
Um dos manifestantes, o jurista Miguel Reale Júnior, chegou a afirmar que "Lula age como um fascista". O jornal agasalha o exagero, próprio de campanha, sob a reputação do jurista em função de cabo eleitoral.
Observe-se que os demais jornais de circulação nacional – Folha de S.Paulo e O Globo – deram destaque menor ao acontecimento. A Folha nem chega a citar a manifestação em sua primeira página e o Globo, com uma foto do jurista Hélio Bicudo, faz apenas uma breve referência. Os destaques são divididos entre o resultado da pesquisa Datafolha, que mostra pequena queda na preferência pela candidata Dilma Rousseff, e novas denúncias de nepotismo no governo.
Campanha política
Os dirigentes da campanha do candidato oposicionista devem ter concluído que escândalos envolvendo parentes de políticos fazem mais estrago do que os que se referem a temas mais complicados, como a quebra de sigilo na Receita Federal. Como a campanha pauta a imprensa, esse deverá ser o tema predominante nas primeiras páginas dos jornais nos dias que faltam para as eleições.
Na página inteira dedicada à manifestação do Largo de São Francisco, que juntou pouco mais de 300 pessoas, o evento é chamado de "mobilização da sociedade civil" e comparado ao lançamento, feito em 1977, no mesmo local, da "Carta aos Brasileiros", quando personalidades do mundo jurídico e intelectual, diante de uma multidão de estudantes, marcaram o início da resistência organizada contra a ditadura militar.
O exagero do Estadão, mais do que atingir o decoro jornalístico, representa uma afronta à História. Afora as diatribes corriqueiras de campanha política, não há em medidas ou atitudes do atual governo qualquer ameaça que se compare ao que representou a ditadura militar.
Rasgando a fantasia
O movimento inaugurado no Largo de São Francisco terá desdobramentos, segundo informa o Estadão. Manifestação semelhante estava programada para quinta-feira (23), no Rio. Muito simbolicamente, o ato foi marcado para a sede do Clube Militar, cenário de tantas conspirações golpistas, e tem como um de seus animadores um general da reserva. Enquanto isso, o noticiário em geral começa a ser vertido para o caldeirão da campanha.
Em todos os jornais, o candidato da aliança oposicionista, José Serra, ganha destaque ao afirmar que a pane na Linha Vermelha do metrô de São Paulo, que prejudicou milhares de pessoas na terça-feira, foi provocada por seus adversários. "Não tenho dúvidas de que há interesses eleitorais nisso", declarou, segundo reproduz a imprensa.
Em outra seção dos jornais, técnicos explicam que a pane foi provavelmente provocada por excesso de lotação e que a Linha Vermelha do metrô paulistano é a mais carregada, com 9,8 passageiros comprimidos por metro quadrado.
Os editores não consideraram importante confrontar a declaração do candidato com o parecer dos técnicos.
As desonestidades da campanha parecem ter afetado irremediavelmente a mídia. A dez dias das eleições, a imprensa rasga a fantasia e sai do armário. Se preciso, vai apoiar e dar repercussão a um inusitado debate sobre liberdades civis no Clube Militar, o que representa uma metáfora de péssimo gosto.
Chamar os militares para protagonistas da disputa eleitoral, ainda que no papel de mestres de cerimônia, é uma jogada de alto risco que pode manchar a biografia de algumas figuras da República. E atingir a reputação da chamada grande imprensa.
A pesquisa Datafolha divulgada na mesma quinta-feira tem como grande novidade o crescimento da candidata Marina Silva, que pela primeira vez supera o índice de 10 pontos na preferência do eleitorado. Mas os analistas de pesquisas eleitorais avaliam que será preciso muito mais escândalos para reverter a tendência que aponta a vitória da candidata governista Dilma Rousseff no primeiro turno.
No dia 3 de outubro veremos o que pensam de tudo isso os milhões de "macunaímas".
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
EM ENTREVISTA, LULA NÃO FOGE DA RAIA E PEITA OS GOLPISTAS
Do Portal Vermelho
Quem achava que o presidente Lula iria ficar intimidado com os constantes ataques --vindos até de aliados-- que o acusam de autoritário por criticar os abusos da imprensa, devem ficar surpresos com o tom aguerrido que o presidente adotou em entrevista ao portal Terra. Lula não fugiu da raia, voltou a apontar os ímpetos golpistas da imprensa a da elite direitista que tentaram derrubá-lo em 2005 e agora voltam a se movimentar para impedir a eleição de Dilma no primeiro turno.
Na entrevista exclusiva dada ao Terra e publicada desde a manhã desta quinta-feira (23), o presidente Luis Inácio Lula da Silva aborda um tema delicado. Ao recordar o ano de 2005 e o chamado "Mensalão", o presidente da República deixa claro que, no seu entender, adversários pensaram em derrubá-lo do poder. À pergunta sobre se teria sido uma "tentativa de golpe", Lula esquiva-se de repetir as expressões "golpe" e "derrubar", mas diz com todas as palavras: "Eles não sabiam da força que eu tinha na rua. Eu reuni o governo aqui e eu disse: "olhe, vocês fiquem aqui porque essa gente vai me enfrentar é na rua (bate na mesa)". Eu não sei se a intenção era essa... não quero tratar isso de forma, eu diria, pequena. Eu acho que eles não foram mais adiante de medo de não saber o que iria acontecer. E acho que não foram mais adiante porque (achavam que) já tinham me desgastado demais".
Se alguma dúvida restar sobre o que quer dizer Lula, e a percepção, ou informações que guardou daqueles dias, leia-se um pouco mais do que disse o presidente na conversa com o Terra: "Eu acho que nós tivemos muita, mas muita, muita dificuldade em 2005. Foi um momento em que os setores conservadores deste País tentaram repetir Getúlio Vargas, tentaram repetir João Goulart, tentaram repetir Juscelino (Kubitschek). Porque mostra-se a parte boa de Juscelino, mas não mostra que diziam: "Juscelino não pode ser presidente", "se for, não pode ganhar, não pode tomar posse" e "se tomar posse, a gente derruba". Era assim que eles falavam!"
Para Lula, imprensa tem candidato e partido
Na conversa exclusiva de uma hora com o Terra no Palácio do Planalto, Lula, provocado, esmiúça o que pensa da mídia e sobre a mídia. Diz que, de alguma forma, o país tem, terá que discutir e legislar - no Congresso, ele ressalva - sobre o assunto. Para definir como percebe o olhar da chamada grande mídia, Lula resume: "Eles têm preconceito, até ódio..."
A ênfase, a contundência no julgamento e comentários quando o tema é este, mídia, são permeadas por gestos e palavras que mostram um presidente da República disposto e pronto para o próximo comício.
Para Lula, críticas à falta de liberdade na área de comunicação, mais do que injustas, não têm sentido. Ele diz duvidar que outros países tenham mais liberdade de informação do que o Brasil: "Nesse momento do Brasil, falar em falta de liberdade de comunicação? Eu duvido. Eu quero até que vocês coloquem em negrito isso aqui. Eu duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo".
O presidente se mostra disposto a um duro embate com setores da mídia: "A verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais".
"No Brasil - foi o Cláudio Lembo que disse isso para o Portal Terra -, a imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido. Seria mais simples, seria mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada", cobra Lula.
Caso Erenice
O chamado "Caso Erenice" irrompeu na cena da sucessão presidencial há duas semanas e, há uma semana, levou à queda a Chefe da Casa Civil da presidência da República, Erenice Guerra. Pela primeira vez desde então o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz claramente o que pensa acerca do episódio e dos seus desdobramentos. Nesta segunda parte da entrevista exclusiva ao Terra, Lula avança: "(...)Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, sabe, cai do cavalo. Porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, sabe, mas a pessoa não engana todo mundo todo tempo. E quando acontece, a pessoa perde".
Ainda a respeito do rumoroso assunto, disse Lula: "O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste País".
O presidente faz ressalvas, no entanto, quanto à extensão das responsabilidades de Erenice Guerra no episódio. Vale-se, para tanto, de metáfora gastronômica. Lembra que "uma feijoada trem trezentas coisas", e que é preciso saber o que é feijão, o que caldo, o que é carne seca... e por ai afora.
O presidente também aponta a revolução que a internet vem provocando na maneira como as pessoas se informam. E anuncia: "...pode ficar certo de que eu serei um internauta vigoroso a partir de 1° de janeiro".
Sobre José Serra, o adversário de sua candidata na eleição presidencial, o presidente comenta: "está hoje na situação em que eu estive nas duas eleições que perdi". E admite que foi muito difícil ser um candidato contra o Plano Real, em 1994.
Abaixo, um trecho da entrevista em vídeo. O Blog do Planalto disponibiliza a entrevista na íntegra
Veja, abaixo, a transcrição dos trechos mais importantes da entrevista:
Sobre a imprensa:
O que acontece muitas vezes é que uma crítica que você recebe é tida como democrática e uma crítica que você faz é tida como antidemocrática. Ou seja, como se determinados setores da imprensa estivessem acima de Deus e ninguém pudesse ser criticado. Escreveu está dito, acabou e é sagrado, como se fosse a Bíblia sagrada. Não é verdade. A posição de um presidente é tomada como ser humano, jornalista escreve como ser humano, juiz julga como ser humano. Ou seja, temos um padrão de comportamento e julgamento e, portanto, todos nós estamos à mercê da crítica. No Brasil - , e foi o Cláudio Lembo que disse para o Portal Terra -, a imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido, que falasse. Seria mais simples, seria mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada. Muitas vezes fica explícita no comportamento que eles têm candidato e gostariam que o candidato fosse outro. Tiveram assim em outros momentos. Acho que seria mais lógico, mais explícito. Mas, eles preferem fingir que não têm lado e fazem críticas a todas as pessoas que criticam determinados comportamentos e determinadas matérias.
...
Nesse momento do Brasil, falar em falta de liberdade de comunicação....? Nesse momento do Brasil! Eu duvido, duvido. Eu quero até que vocês coloquem em negrito isso aqui: Eu duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo. Agora, a verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais...
Sobre valores democráticos
Eu acho que, sinceramente, as pessoas deveriam olhar para o Brasil e olhar para os outros países. E todo o mundo deveria agradecer a Deus o Brasil ser do jeito que ele é, o Brasil ter o governo que ele tem e ter o povo que tem. Eu lembro que o João Roberto Marinho, quando voltou da eleição do México passada, numa conversa que teve comigo falou: "Ô presidente, eu estava no México e foi de lá que eu aprendi a valorizar a democracia no Brasil. Porque, aqui no Brasil, todo mundo acata o resultado. Lá no México, eu vi um milhão de pessoas na rua contra o resultado eleitoral". Ou seja, aqui no Brasil nós não corremos esse risco. Porque esse País tem um outro jeito de exercitar a democracia. E a democracia ela só será exercitada - vocês estão lembrados que eu dizia quando era líder sindical ainda -, democracia não é o povo ter o direito de gritar que está com fome, democracia é o povo ter direito de comer. Nós estamos chegando lá, estamos chegando lá, então as pessoas, sabe, que talvez tenham problemas ideológicos, problemas de preconceito, ou seja, que não admite que...meus queridos, vejam o que vai acontecer amanhã, sexta-feira; a Bovespa, que tinha ódio de mim, e quando tinha medo de mim ela tinha apenas 11 mil pontos, hoje já chegou a 72 (mil pontos), já chegou a 68 (mil pontos). Ou seja, acima dos 60 mil pontos. E vai exatamente um presidente da República, que tanta gente tinha medo, fazer a maior capitalização da história da humanidade. Ouso dizer: nunca antes na história do planeta Terra houve uma capitalização da magnitude do que vai acontecer na sexta-feira, sabe, com a minha presença.
Sobre a oposição
Eles (a oposição) confundem populismo com popular. Eles não sabem o que é popular porque eles nunca tiveram perto do povo. Essa gente, essa gente que não gosta de mim, na época das eleições até sorri pros pobres, até fazem promessa pros pobres, mas depois das eleições... o pobre passa perto deles um quilômetro. Então, sabe, isso é uma confusão maluca entre o populismo e o popular. O que é o populismo? É um cara, sabe, que não tem nada a ver com ninguém e aparece fazendo promessas, aparece fazendo política demagógica. Não é o nosso caso. Todas as políticas minhas são decididas, Bob... Já foram 72 conferências nacionais, conferências que começam lá no município, vai para o Estado e vem pra cá. Algumas conferências participaram 300 mil pessoas até chegar na conferência nacional. E aí nos decidimos as políticas públicas. Então eles...obviamente eu acho que tem muita gente incomodada e eu não tenho culpa, eu não tenho culpa. Sabe, tirar deles incomodou muita gente no Brasil. A Coroa Portuguesa durante muito tempo ficou incomodada por conta daqueles que diziam que era preciso mudar. Ficaram incomodados até com Dom Pedro quando ele quis mudar. Por que não ficar comigo?
Sobre a reforma política
A reforma política não é uma coisa do presidente da República. A reforma política é uma coisa dos partidos políticos. E do jeito que os partidos se comportam parece que a gente tem um monte de partidos , todos criticando, sabe, a legislação que regulamenta a política no Brasil. Todo mundo quer uma reforma política, mas ninguém mexe. Porque desagrada a muita gente. Então, veja, eu mandei duas propostas de reforma, de coisas que precisariam mudar para poder melhorar a política brasileira e que não foi votado. Nós mandamos, por exemplo, a regulamentação do financiamento de campanha, para acabar com o financiamento privado e ficar com financiamento público, que na minha opinião é a forma mais honesta de se fazer campanha neste País, a fidelidade partidária... porque o que é o ideal? É você ter partido forte para você negociar com partido. Isso faz parte da democracia. Quando você faz coalizão com partido político você estabelece regras nesta coalizão, você partilha um poder com essa coalizão. Agora, do jeito que está é quase que impossível, porque a direção dos partidos não representa mais os partidos. O líder da bancada não representa mais a bancada, ou seja se criou grupos de deputados, grupos por região, grupos...ou seja, e está muito difícil para eles próprios...então, o que eu acho? Quando eu deixar a presidência, eu quero, primeiro dentro do PT, convencer o PT da necessidade de fazer uma reforma política, convencer os partidos da base aliada do governo da necessidade de se fazer uma reforma política neste País pra que a gente não fique com legenda de aluguel, como nós temos agora.
Sobre a eleição de 2010
Fazer o sucessor é uma das prioridades de qualquer governo para dar continuidade a um programa que você acredita que vai acontecer. Imagina se entra no Brasil para governar alguém que resolve querer voltar e privatizar a Petrobrás? (pausa) Onde vai o pré-sal? Ou alguém que resolva não mudar a lei e permitir que a lei do petróleo continue a mesma? A gente sabendo...o contrato de risco é quando a gente corre riscos. Mas quando a gente sabe onde tá bichinho do ouro preto, por que a gente vai fazer contrato de risco? Então, nós temos que se apoderar desta riqueza a bem do povo brasileiro, é um patrimônio do povo, não é um patrimônio da Petrobrás. Então, nós temos medo de que este País sofra um retrocesso. Por isso que eu tenho candidato. Seria inexplicável para a sociedade se eu entrasse numa redoma de vidro e falasse: olha, aconteça o que acontecer nas eleições, o presidente da República não pode dar palpite. Mas nem para escolher o Papa acontece isso.
...O que eu acho extremamente importante é que nesse processo eleitoral, a gente precisa primeiro ter muita cautela. Esse é o momento de um time que está ganhando de dois a zero. O adversário está dando botinada, está chutando no peito, está chutando na canela, o juiz não está apitando falta e nós não podemos perder a cabeça, porque o que eles querem é expulsar alguém do nosso time, para a gente ficar em minoria. Então, agora é muita cautela, vamos fazer troca de passes entre nós, vamos fazer a bola correr. Como dizia o Parreira, quando estava dirigindo o Corinthians, nós vamos ficar dominando a bola, ou seja, o tempo que a gente estiver com a bola é o tempo que a gente não toma gol...
Sobre Erenice Guerra
Eu sempre admito de que muitas vezes tem coisas que você tem que investigar. Agora, porque eu comecei falando da feijoada? Porque a feijoada tem ingredientes, você quando vai na panela de feijoada, você tem o feijão e tem lá trezentas coisas para escolher. O que eu acho é que toda notícia de denúncia ela vem como se fosse uma feijoada. Depois que você faz um processo de investigação, escolhe o que você quer ali, você vai perceber que a quantidade de coisas, você vai perceber o que é cada um. Tem coisa que tem dimensão séria, tem coisa que é boato, especulação, tem coisa que não tem profundidade. Então, qual é o papel de um presidente da República? Ou seja, na hora que você sabe de uma situação dessa, a primeira coisa que você faz é criar uma sindicância interna, ou seja, a CGU, a Casa Civil começa a investigar e a Polícia Federal abre inquérito. A partir desse momento, o presidente da República fecha a boca, certo? Porque, a partir daí, não pode ter mais nenhuma influência do governo no processo de investigação. Quando tiver resultado de todas as pessoas darem depoimento, aí você então comunica a sociedade o que aconteceu de fato e de direito.
Sobre a importância da internet
O povo tem acesso à informação que ele não tinha antes. Hoje, eu acho que a internet joga um papel extraordinário. Eu digo pelos meus filhos.
...Serei um internauta vigoroso a partir do dia 1º de janeiro.
...Acho que o Twitter é uma escravização. Tem gente que acorda duas horas da manhã para ficar tuitando. Tem gente que levanta para falar: ai, acordei, perdi o sono. O que eu tenho a ver com isso? Vai dormir, pô!
... Acho que as pessoas não estão entendendo ainda o que aconteceu na comunicação nesse País. Lá em casa, ninguém compra mais jornal. Em casa, a molecada toda lê o que tiver que ler na internet, em tempo real, sem ter que esperar: "ah, vamos ver o que vai acontecer amanhã ou depois de amanhã". São 68 milhões de brasileiros que acessam a internet. Um quarto das residências brasileiras que já tem computador. A tendência natural é isso crescendo de uma forma tão rápida, que daqui a pouco serão 150 milhões brasileiros... é por isso que o governo se interessou tanto na questão da banda larga. Porque você sabe que no Brasil é assim... todo mundo fala que vai resolver o problema, mas todo mundo só quer cuidar daquilo que tem rentabilidade. Então vamos fazer as coisas no Rio de Janeiro, vamos fazer em São Paulo, nas capitais, cidades grandes, mas quando vai se afastando e não tem rentabilidade, as pessoas não querem. Por exemplo, veja se não fosse o programa Luz Para Todos... ele está custando ao governo federal talvez o investimento de quase R$ 14 bilhões. Que governo doido iria fazer um programa Luz Para Todos se não fosse o meu? Quem das pessoas que governaram esse País estavam preocupadas em levar luz para uma aldeia indígena? Então, nós fizemos um investimento, que é o seguinte: nós já colocamos mais de 1,1 milhão km de fio neste País. Já colocamos 6 milhões de postes neste País. Já colocamos mais de um milhão de transformadores. Às vezes uma ligação custa R$ 10 mil, mesmo assim... muita gente diria: "Lula, você é louco. Gastar R$ 10 mil para atender um cara que está lá não sei onde!". Esse "cara" é tão brasileiro quanto quem mora em Copacabana ou mora na avenida Paulista. Ele tem direitos. E se a iniciativa privada não faz porque não é rentável, o governo tem de fazer. Então, esse "cara" vai ter internet. Daqui a pouco a gente vai ter numa tribo indígena de qualquer lugar deste País um cidadão (bate na mesa simulando um teclado de computador) navegando. Sabe? Vendo o portal Terra...
Sobre o Bolsa Família
Eu acho normal, não fico com raiva quando o cidadão de classe média, seja no Rio de Janeiro, seja em São Paulo ou em Belo Horizonte, tomando seu uísque com os amigos critica o Bolsa Família de assistencialista. Eu acho normal. Ele dá de gorjeta o Bolsa Família. Agora para uma pessoa que está com fome, R$ 100, meu filho... Quando a gente determina que 30% da alimentação escolar tem de ser comprada no local, o que acontece naquele município? Uma revolução!
Sobre José Serra
Eu, para ser muito sincero, poderia dizer para vocês que o Serra está hoje na situação que eu estive nas duas eleições que perdi. O Serra foi candidato contra mim em 2002 quando o povo queria mudança e eu era mudança e ele, situação. Agora, ele quer mudança quando o povo quer continuidade.
Sobre a América Latina
Em 1990, eu tinha perdido as eleições para o (Fernando) Collor, mas eu tinha me convencido que nós tínhamos criado uma força política importante no Brasil. E resolvi propor a convocação de uma reunião de toda a esquerda na América Latina. Tinha regiões em que se discutia muito que a única saída era pela via armada, tinha lugares que começavam a discutir mais fortemente a democracia... O dado concreto é que nós fizemos uma reunião em junho de 1990, no Hotel Danúbio, em São Paulo, eu lembro que era Copa do Mundo, era um sucesso, lembro que a única coisa que unia os argentinos era o Maradona. E lembro de países pequenos que tinham 18 organizações de esquerda, que foram para a reunião. Treze, doze, quatorze. E essas pessoas não conversavam entre si. Ali nós começamos a estabelecer um debate sobre a necessidade das pessoas acreditarem que pela via democrática era possível chegar ao poder. Eu era a prova de que era possível chegar ao poder pelas eleições diretas. Nós criamos o Foro de São Paulo. De lá para cá, todos os países da América Latina e América Central, com exceção de Cuba que já tinha seu regime anterior, chegaram ao poder pela via eleitoral. Todos. O mais recente foi El Salvador, que o Mauricio Funes chegou ao poder. O Evo Morales... você quer bem maior para a Bolívia do que um índio ser presidente da República? Antes era eleita gente que nem sequer falava a língua deles! Eram loiros de olhos azuis. De repente, você elege um companheiro como o Evo Morales, que crescem as reservas, cresce o PIB, cresce a distribuição de renda... Por quê? Porque ele tem vínculo com aquele povo e sabe que tem que cuidar da parte mais pobre. Então, eu acho que houve um avanço excepcional na América Latina. Também acho que a rotatividade no poder é importante. Defendo isso porque acho importante a prática democrática. Se vai ser dois mandatos, três mandatos, quatro mandatos, cinco mandatos... Nenhum americano hoje se queixa do (Franklin) Roosevelt ter sido presidente quatro vezes. Ninguém.
...O maior parceiro comercial do Brasil hoje não é a Europa, não é os Estados Unidos, é a América Latina como um todo. Então o que acontece, nós fizemos um trabalho de diversificar as relações e a América do Sul está se fortalecendo. Quanto tempo você acha que a França conseguiu chegar ao que é, que a Alemanha chegou ao que é? Nós demos passos importantes. A economia chilena cresce, a Argentina cresce, o Uruguai cresce, o Paraguai cresce... Todo mundo está crescendo.
Sobre a crise de 2005
Eu acho que nós tivemos muita, mas muita, muita dificuldade em 2005. Foi um momento em que os setores conservadores deste País tentaram repetir Getúlio Vargas, tentaram repetir João Goulart, tentaram repetir Juscelino (Kubitschek). Porque mostra-se a parte boa de Juscelino, mas não mostra que diziam: "Juscelino não pode ser presidente", "se for, não pode ganhar, não pode tomar posse" e "se tomar posse, a gente derruba". Era assim que eles falavam!
Terra - O senhor compreende hoje, então, que em 2005 havia uma tentativa de golpe?....
Tinha uma diferença... tinha uma diferença... Eles não sabiam da força que eu tinha na rua. Eu reuni o governo aqui e eu disse: "olhe, vocês fiquem aqui porque essa gente vai me enfrentar é na rua (bate na mesa)". Eu não sei se a intenção era essa... não quero tratar isso de forma , eu diria, pequena. Eu acho que eles não foram mais adiante de medo de não saber o que iria acontecer. E acho que não foram mais adiante porque já tinham me desgastado demais.
Quem achava que o presidente Lula iria ficar intimidado com os constantes ataques --vindos até de aliados-- que o acusam de autoritário por criticar os abusos da imprensa, devem ficar surpresos com o tom aguerrido que o presidente adotou em entrevista ao portal Terra. Lula não fugiu da raia, voltou a apontar os ímpetos golpistas da imprensa a da elite direitista que tentaram derrubá-lo em 2005 e agora voltam a se movimentar para impedir a eleição de Dilma no primeiro turno.
Na entrevista exclusiva dada ao Terra e publicada desde a manhã desta quinta-feira (23), o presidente Luis Inácio Lula da Silva aborda um tema delicado. Ao recordar o ano de 2005 e o chamado "Mensalão", o presidente da República deixa claro que, no seu entender, adversários pensaram em derrubá-lo do poder. À pergunta sobre se teria sido uma "tentativa de golpe", Lula esquiva-se de repetir as expressões "golpe" e "derrubar", mas diz com todas as palavras: "Eles não sabiam da força que eu tinha na rua. Eu reuni o governo aqui e eu disse: "olhe, vocês fiquem aqui porque essa gente vai me enfrentar é na rua (bate na mesa)". Eu não sei se a intenção era essa... não quero tratar isso de forma, eu diria, pequena. Eu acho que eles não foram mais adiante de medo de não saber o que iria acontecer. E acho que não foram mais adiante porque (achavam que) já tinham me desgastado demais".
Se alguma dúvida restar sobre o que quer dizer Lula, e a percepção, ou informações que guardou daqueles dias, leia-se um pouco mais do que disse o presidente na conversa com o Terra: "Eu acho que nós tivemos muita, mas muita, muita dificuldade em 2005. Foi um momento em que os setores conservadores deste País tentaram repetir Getúlio Vargas, tentaram repetir João Goulart, tentaram repetir Juscelino (Kubitschek). Porque mostra-se a parte boa de Juscelino, mas não mostra que diziam: "Juscelino não pode ser presidente", "se for, não pode ganhar, não pode tomar posse" e "se tomar posse, a gente derruba". Era assim que eles falavam!"
Para Lula, imprensa tem candidato e partido
Na conversa exclusiva de uma hora com o Terra no Palácio do Planalto, Lula, provocado, esmiúça o que pensa da mídia e sobre a mídia. Diz que, de alguma forma, o país tem, terá que discutir e legislar - no Congresso, ele ressalva - sobre o assunto. Para definir como percebe o olhar da chamada grande mídia, Lula resume: "Eles têm preconceito, até ódio..."
A ênfase, a contundência no julgamento e comentários quando o tema é este, mídia, são permeadas por gestos e palavras que mostram um presidente da República disposto e pronto para o próximo comício.
Para Lula, críticas à falta de liberdade na área de comunicação, mais do que injustas, não têm sentido. Ele diz duvidar que outros países tenham mais liberdade de informação do que o Brasil: "Nesse momento do Brasil, falar em falta de liberdade de comunicação? Eu duvido. Eu quero até que vocês coloquem em negrito isso aqui. Eu duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo".
O presidente se mostra disposto a um duro embate com setores da mídia: "A verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais".
"No Brasil - foi o Cláudio Lembo que disse isso para o Portal Terra -, a imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido. Seria mais simples, seria mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada", cobra Lula.
Caso Erenice
O chamado "Caso Erenice" irrompeu na cena da sucessão presidencial há duas semanas e, há uma semana, levou à queda a Chefe da Casa Civil da presidência da República, Erenice Guerra. Pela primeira vez desde então o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz claramente o que pensa acerca do episódio e dos seus desdobramentos. Nesta segunda parte da entrevista exclusiva ao Terra, Lula avança: "(...)Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, sabe, cai do cavalo. Porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, sabe, mas a pessoa não engana todo mundo todo tempo. E quando acontece, a pessoa perde".
Ainda a respeito do rumoroso assunto, disse Lula: "O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste País".
O presidente faz ressalvas, no entanto, quanto à extensão das responsabilidades de Erenice Guerra no episódio. Vale-se, para tanto, de metáfora gastronômica. Lembra que "uma feijoada trem trezentas coisas", e que é preciso saber o que é feijão, o que caldo, o que é carne seca... e por ai afora.
O presidente também aponta a revolução que a internet vem provocando na maneira como as pessoas se informam. E anuncia: "...pode ficar certo de que eu serei um internauta vigoroso a partir de 1° de janeiro".
Sobre José Serra, o adversário de sua candidata na eleição presidencial, o presidente comenta: "está hoje na situação em que eu estive nas duas eleições que perdi". E admite que foi muito difícil ser um candidato contra o Plano Real, em 1994.
Abaixo, um trecho da entrevista em vídeo. O Blog do Planalto disponibiliza a entrevista na íntegra
Veja, abaixo, a transcrição dos trechos mais importantes da entrevista:
Sobre a imprensa:
O que acontece muitas vezes é que uma crítica que você recebe é tida como democrática e uma crítica que você faz é tida como antidemocrática. Ou seja, como se determinados setores da imprensa estivessem acima de Deus e ninguém pudesse ser criticado. Escreveu está dito, acabou e é sagrado, como se fosse a Bíblia sagrada. Não é verdade. A posição de um presidente é tomada como ser humano, jornalista escreve como ser humano, juiz julga como ser humano. Ou seja, temos um padrão de comportamento e julgamento e, portanto, todos nós estamos à mercê da crítica. No Brasil - , e foi o Cláudio Lembo que disse para o Portal Terra -, a imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido, que falasse. Seria mais simples, seria mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada. Muitas vezes fica explícita no comportamento que eles têm candidato e gostariam que o candidato fosse outro. Tiveram assim em outros momentos. Acho que seria mais lógico, mais explícito. Mas, eles preferem fingir que não têm lado e fazem críticas a todas as pessoas que criticam determinados comportamentos e determinadas matérias.
...
Nesse momento do Brasil, falar em falta de liberdade de comunicação....? Nesse momento do Brasil! Eu duvido, duvido. Eu quero até que vocês coloquem em negrito isso aqui: Eu duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo. Agora, a verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais...
Sobre valores democráticos
Eu acho que, sinceramente, as pessoas deveriam olhar para o Brasil e olhar para os outros países. E todo o mundo deveria agradecer a Deus o Brasil ser do jeito que ele é, o Brasil ter o governo que ele tem e ter o povo que tem. Eu lembro que o João Roberto Marinho, quando voltou da eleição do México passada, numa conversa que teve comigo falou: "Ô presidente, eu estava no México e foi de lá que eu aprendi a valorizar a democracia no Brasil. Porque, aqui no Brasil, todo mundo acata o resultado. Lá no México, eu vi um milhão de pessoas na rua contra o resultado eleitoral". Ou seja, aqui no Brasil nós não corremos esse risco. Porque esse País tem um outro jeito de exercitar a democracia. E a democracia ela só será exercitada - vocês estão lembrados que eu dizia quando era líder sindical ainda -, democracia não é o povo ter o direito de gritar que está com fome, democracia é o povo ter direito de comer. Nós estamos chegando lá, estamos chegando lá, então as pessoas, sabe, que talvez tenham problemas ideológicos, problemas de preconceito, ou seja, que não admite que...meus queridos, vejam o que vai acontecer amanhã, sexta-feira; a Bovespa, que tinha ódio de mim, e quando tinha medo de mim ela tinha apenas 11 mil pontos, hoje já chegou a 72 (mil pontos), já chegou a 68 (mil pontos). Ou seja, acima dos 60 mil pontos. E vai exatamente um presidente da República, que tanta gente tinha medo, fazer a maior capitalização da história da humanidade. Ouso dizer: nunca antes na história do planeta Terra houve uma capitalização da magnitude do que vai acontecer na sexta-feira, sabe, com a minha presença.
Sobre a oposição
Eles (a oposição) confundem populismo com popular. Eles não sabem o que é popular porque eles nunca tiveram perto do povo. Essa gente, essa gente que não gosta de mim, na época das eleições até sorri pros pobres, até fazem promessa pros pobres, mas depois das eleições... o pobre passa perto deles um quilômetro. Então, sabe, isso é uma confusão maluca entre o populismo e o popular. O que é o populismo? É um cara, sabe, que não tem nada a ver com ninguém e aparece fazendo promessas, aparece fazendo política demagógica. Não é o nosso caso. Todas as políticas minhas são decididas, Bob... Já foram 72 conferências nacionais, conferências que começam lá no município, vai para o Estado e vem pra cá. Algumas conferências participaram 300 mil pessoas até chegar na conferência nacional. E aí nos decidimos as políticas públicas. Então eles...obviamente eu acho que tem muita gente incomodada e eu não tenho culpa, eu não tenho culpa. Sabe, tirar deles incomodou muita gente no Brasil. A Coroa Portuguesa durante muito tempo ficou incomodada por conta daqueles que diziam que era preciso mudar. Ficaram incomodados até com Dom Pedro quando ele quis mudar. Por que não ficar comigo?
Sobre a reforma política
A reforma política não é uma coisa do presidente da República. A reforma política é uma coisa dos partidos políticos. E do jeito que os partidos se comportam parece que a gente tem um monte de partidos , todos criticando, sabe, a legislação que regulamenta a política no Brasil. Todo mundo quer uma reforma política, mas ninguém mexe. Porque desagrada a muita gente. Então, veja, eu mandei duas propostas de reforma, de coisas que precisariam mudar para poder melhorar a política brasileira e que não foi votado. Nós mandamos, por exemplo, a regulamentação do financiamento de campanha, para acabar com o financiamento privado e ficar com financiamento público, que na minha opinião é a forma mais honesta de se fazer campanha neste País, a fidelidade partidária... porque o que é o ideal? É você ter partido forte para você negociar com partido. Isso faz parte da democracia. Quando você faz coalizão com partido político você estabelece regras nesta coalizão, você partilha um poder com essa coalizão. Agora, do jeito que está é quase que impossível, porque a direção dos partidos não representa mais os partidos. O líder da bancada não representa mais a bancada, ou seja se criou grupos de deputados, grupos por região, grupos...ou seja, e está muito difícil para eles próprios...então, o que eu acho? Quando eu deixar a presidência, eu quero, primeiro dentro do PT, convencer o PT da necessidade de fazer uma reforma política, convencer os partidos da base aliada do governo da necessidade de se fazer uma reforma política neste País pra que a gente não fique com legenda de aluguel, como nós temos agora.
Sobre a eleição de 2010
Fazer o sucessor é uma das prioridades de qualquer governo para dar continuidade a um programa que você acredita que vai acontecer. Imagina se entra no Brasil para governar alguém que resolve querer voltar e privatizar a Petrobrás? (pausa) Onde vai o pré-sal? Ou alguém que resolva não mudar a lei e permitir que a lei do petróleo continue a mesma? A gente sabendo...o contrato de risco é quando a gente corre riscos. Mas quando a gente sabe onde tá bichinho do ouro preto, por que a gente vai fazer contrato de risco? Então, nós temos que se apoderar desta riqueza a bem do povo brasileiro, é um patrimônio do povo, não é um patrimônio da Petrobrás. Então, nós temos medo de que este País sofra um retrocesso. Por isso que eu tenho candidato. Seria inexplicável para a sociedade se eu entrasse numa redoma de vidro e falasse: olha, aconteça o que acontecer nas eleições, o presidente da República não pode dar palpite. Mas nem para escolher o Papa acontece isso.
...O que eu acho extremamente importante é que nesse processo eleitoral, a gente precisa primeiro ter muita cautela. Esse é o momento de um time que está ganhando de dois a zero. O adversário está dando botinada, está chutando no peito, está chutando na canela, o juiz não está apitando falta e nós não podemos perder a cabeça, porque o que eles querem é expulsar alguém do nosso time, para a gente ficar em minoria. Então, agora é muita cautela, vamos fazer troca de passes entre nós, vamos fazer a bola correr. Como dizia o Parreira, quando estava dirigindo o Corinthians, nós vamos ficar dominando a bola, ou seja, o tempo que a gente estiver com a bola é o tempo que a gente não toma gol...
Sobre Erenice Guerra
Eu sempre admito de que muitas vezes tem coisas que você tem que investigar. Agora, porque eu comecei falando da feijoada? Porque a feijoada tem ingredientes, você quando vai na panela de feijoada, você tem o feijão e tem lá trezentas coisas para escolher. O que eu acho é que toda notícia de denúncia ela vem como se fosse uma feijoada. Depois que você faz um processo de investigação, escolhe o que você quer ali, você vai perceber que a quantidade de coisas, você vai perceber o que é cada um. Tem coisa que tem dimensão séria, tem coisa que é boato, especulação, tem coisa que não tem profundidade. Então, qual é o papel de um presidente da República? Ou seja, na hora que você sabe de uma situação dessa, a primeira coisa que você faz é criar uma sindicância interna, ou seja, a CGU, a Casa Civil começa a investigar e a Polícia Federal abre inquérito. A partir desse momento, o presidente da República fecha a boca, certo? Porque, a partir daí, não pode ter mais nenhuma influência do governo no processo de investigação. Quando tiver resultado de todas as pessoas darem depoimento, aí você então comunica a sociedade o que aconteceu de fato e de direito.
Sobre a importância da internet
O povo tem acesso à informação que ele não tinha antes. Hoje, eu acho que a internet joga um papel extraordinário. Eu digo pelos meus filhos.
...Serei um internauta vigoroso a partir do dia 1º de janeiro.
...Acho que o Twitter é uma escravização. Tem gente que acorda duas horas da manhã para ficar tuitando. Tem gente que levanta para falar: ai, acordei, perdi o sono. O que eu tenho a ver com isso? Vai dormir, pô!
... Acho que as pessoas não estão entendendo ainda o que aconteceu na comunicação nesse País. Lá em casa, ninguém compra mais jornal. Em casa, a molecada toda lê o que tiver que ler na internet, em tempo real, sem ter que esperar: "ah, vamos ver o que vai acontecer amanhã ou depois de amanhã". São 68 milhões de brasileiros que acessam a internet. Um quarto das residências brasileiras que já tem computador. A tendência natural é isso crescendo de uma forma tão rápida, que daqui a pouco serão 150 milhões brasileiros... é por isso que o governo se interessou tanto na questão da banda larga. Porque você sabe que no Brasil é assim... todo mundo fala que vai resolver o problema, mas todo mundo só quer cuidar daquilo que tem rentabilidade. Então vamos fazer as coisas no Rio de Janeiro, vamos fazer em São Paulo, nas capitais, cidades grandes, mas quando vai se afastando e não tem rentabilidade, as pessoas não querem. Por exemplo, veja se não fosse o programa Luz Para Todos... ele está custando ao governo federal talvez o investimento de quase R$ 14 bilhões. Que governo doido iria fazer um programa Luz Para Todos se não fosse o meu? Quem das pessoas que governaram esse País estavam preocupadas em levar luz para uma aldeia indígena? Então, nós fizemos um investimento, que é o seguinte: nós já colocamos mais de 1,1 milhão km de fio neste País. Já colocamos 6 milhões de postes neste País. Já colocamos mais de um milhão de transformadores. Às vezes uma ligação custa R$ 10 mil, mesmo assim... muita gente diria: "Lula, você é louco. Gastar R$ 10 mil para atender um cara que está lá não sei onde!". Esse "cara" é tão brasileiro quanto quem mora em Copacabana ou mora na avenida Paulista. Ele tem direitos. E se a iniciativa privada não faz porque não é rentável, o governo tem de fazer. Então, esse "cara" vai ter internet. Daqui a pouco a gente vai ter numa tribo indígena de qualquer lugar deste País um cidadão (bate na mesa simulando um teclado de computador) navegando. Sabe? Vendo o portal Terra...
Sobre o Bolsa Família
Eu acho normal, não fico com raiva quando o cidadão de classe média, seja no Rio de Janeiro, seja em São Paulo ou em Belo Horizonte, tomando seu uísque com os amigos critica o Bolsa Família de assistencialista. Eu acho normal. Ele dá de gorjeta o Bolsa Família. Agora para uma pessoa que está com fome, R$ 100, meu filho... Quando a gente determina que 30% da alimentação escolar tem de ser comprada no local, o que acontece naquele município? Uma revolução!
Sobre José Serra
Eu, para ser muito sincero, poderia dizer para vocês que o Serra está hoje na situação que eu estive nas duas eleições que perdi. O Serra foi candidato contra mim em 2002 quando o povo queria mudança e eu era mudança e ele, situação. Agora, ele quer mudança quando o povo quer continuidade.
Sobre a América Latina
Em 1990, eu tinha perdido as eleições para o (Fernando) Collor, mas eu tinha me convencido que nós tínhamos criado uma força política importante no Brasil. E resolvi propor a convocação de uma reunião de toda a esquerda na América Latina. Tinha regiões em que se discutia muito que a única saída era pela via armada, tinha lugares que começavam a discutir mais fortemente a democracia... O dado concreto é que nós fizemos uma reunião em junho de 1990, no Hotel Danúbio, em São Paulo, eu lembro que era Copa do Mundo, era um sucesso, lembro que a única coisa que unia os argentinos era o Maradona. E lembro de países pequenos que tinham 18 organizações de esquerda, que foram para a reunião. Treze, doze, quatorze. E essas pessoas não conversavam entre si. Ali nós começamos a estabelecer um debate sobre a necessidade das pessoas acreditarem que pela via democrática era possível chegar ao poder. Eu era a prova de que era possível chegar ao poder pelas eleições diretas. Nós criamos o Foro de São Paulo. De lá para cá, todos os países da América Latina e América Central, com exceção de Cuba que já tinha seu regime anterior, chegaram ao poder pela via eleitoral. Todos. O mais recente foi El Salvador, que o Mauricio Funes chegou ao poder. O Evo Morales... você quer bem maior para a Bolívia do que um índio ser presidente da República? Antes era eleita gente que nem sequer falava a língua deles! Eram loiros de olhos azuis. De repente, você elege um companheiro como o Evo Morales, que crescem as reservas, cresce o PIB, cresce a distribuição de renda... Por quê? Porque ele tem vínculo com aquele povo e sabe que tem que cuidar da parte mais pobre. Então, eu acho que houve um avanço excepcional na América Latina. Também acho que a rotatividade no poder é importante. Defendo isso porque acho importante a prática democrática. Se vai ser dois mandatos, três mandatos, quatro mandatos, cinco mandatos... Nenhum americano hoje se queixa do (Franklin) Roosevelt ter sido presidente quatro vezes. Ninguém.
...O maior parceiro comercial do Brasil hoje não é a Europa, não é os Estados Unidos, é a América Latina como um todo. Então o que acontece, nós fizemos um trabalho de diversificar as relações e a América do Sul está se fortalecendo. Quanto tempo você acha que a França conseguiu chegar ao que é, que a Alemanha chegou ao que é? Nós demos passos importantes. A economia chilena cresce, a Argentina cresce, o Uruguai cresce, o Paraguai cresce... Todo mundo está crescendo.
Sobre a crise de 2005
Eu acho que nós tivemos muita, mas muita, muita dificuldade em 2005. Foi um momento em que os setores conservadores deste País tentaram repetir Getúlio Vargas, tentaram repetir João Goulart, tentaram repetir Juscelino (Kubitschek). Porque mostra-se a parte boa de Juscelino, mas não mostra que diziam: "Juscelino não pode ser presidente", "se for, não pode ganhar, não pode tomar posse" e "se tomar posse, a gente derruba". Era assim que eles falavam!
Terra - O senhor compreende hoje, então, que em 2005 havia uma tentativa de golpe?....
Tinha uma diferença... tinha uma diferença... Eles não sabiam da força que eu tinha na rua. Eu reuni o governo aqui e eu disse: "olhe, vocês fiquem aqui porque essa gente vai me enfrentar é na rua (bate na mesa)". Eu não sei se a intenção era essa... não quero tratar isso de forma , eu diria, pequena. Eu acho que eles não foram mais adiante de medo de não saber o que iria acontecer. E acho que não foram mais adiante porque já tinham me desgastado demais.
PIG - CORRIDA DE DEZ DIAS
Luis Fernando Veríssimo – O Estado de S.Paulo
De hoje à data da eleição teremos dez dias de manchetes nos jornais e duas edições da Veja. Não sei até quando podem ser publicadas as pesquisas sobre intenção de voto, mas até a última publicação – aquela que, segundo os céticos, é a mais confiável, pois é a que garante a credibilidade e o futuro dos pesquisadores – veremos uma corrida emocionante: o noticiário perseguindo os índices da Dilma para tentar derrubá-los antes da chegada, no dia 3. O prêmio, se conseguirem, será um segundo turno. Se não conseguirem a única dúvida que restará será: se diz a presidente ou a presidenta?
Até agora as notícias de corrupção na Casa Civil não afetaram os índices da Dilma. Estou escrevendo na terça, talvez as últimas pesquisas mostrem um efeito retardado. Mas ainda faltam dez dias de manchetes e duas edições da Veja, quem sabe o que virá por aí? O governo Lula tem um bom retrospecto na sua competição com o noticiário. A popularidade do Lula não só resistiu a tudo, inclusive às mancadas e aos impropérios do próprio Lula, como cresceu com os oito anos de denúncias e noticiário negativo. Desde UDN x Getúlio nenhum presidente brasileiro foi tão atacado e denunciado quanto Lula. Desde sempre, nenhum presidente brasileiro acabou seu mandato tão bem cotado.
Acrescente-se ao paradoxo o fato de que o eleitorado brasileiro é tradicionalmente, às vezes simplisticamente, moralista. Elegeu Jânio para varrer a sujeira do governo Juscelino, elegeu Collor para acabar com os marajás, aplaudiu a queda do Collor por corrupção presumida e houve até quem pedisse o impedimento do Itamar por proximidade temerária com calcinha transparente. Mas o moralismo tornou-se politicamente irrelevante com Lula e, por tabela, para os índices da Dilma. É improvável que volte a ser decisivo em dez dias. Mas nunca se sabe. O que talvez precise ser revisado, depois dos oito anos do Lula e depois destas eleições, quando a poeira baixar, seja o conceito da imprensa como formadora de opiniões.
Mas a corrida dos dez dias começa hoje e seu resultado ninguém pode prever com certeza. Virá alguma bomba de fragmentação de última hora ou tudo que poderia explodir já explodiu? O que prevalecerá no final, os índices inalterados da Dilma ou o noticiário? Faça a sua aposta.
De hoje à data da eleição teremos dez dias de manchetes nos jornais e duas edições da Veja. Não sei até quando podem ser publicadas as pesquisas sobre intenção de voto, mas até a última publicação – aquela que, segundo os céticos, é a mais confiável, pois é a que garante a credibilidade e o futuro dos pesquisadores – veremos uma corrida emocionante: o noticiário perseguindo os índices da Dilma para tentar derrubá-los antes da chegada, no dia 3. O prêmio, se conseguirem, será um segundo turno. Se não conseguirem a única dúvida que restará será: se diz a presidente ou a presidenta?
Até agora as notícias de corrupção na Casa Civil não afetaram os índices da Dilma. Estou escrevendo na terça, talvez as últimas pesquisas mostrem um efeito retardado. Mas ainda faltam dez dias de manchetes e duas edições da Veja, quem sabe o que virá por aí? O governo Lula tem um bom retrospecto na sua competição com o noticiário. A popularidade do Lula não só resistiu a tudo, inclusive às mancadas e aos impropérios do próprio Lula, como cresceu com os oito anos de denúncias e noticiário negativo. Desde UDN x Getúlio nenhum presidente brasileiro foi tão atacado e denunciado quanto Lula. Desde sempre, nenhum presidente brasileiro acabou seu mandato tão bem cotado.
Acrescente-se ao paradoxo o fato de que o eleitorado brasileiro é tradicionalmente, às vezes simplisticamente, moralista. Elegeu Jânio para varrer a sujeira do governo Juscelino, elegeu Collor para acabar com os marajás, aplaudiu a queda do Collor por corrupção presumida e houve até quem pedisse o impedimento do Itamar por proximidade temerária com calcinha transparente. Mas o moralismo tornou-se politicamente irrelevante com Lula e, por tabela, para os índices da Dilma. É improvável que volte a ser decisivo em dez dias. Mas nunca se sabe. O que talvez precise ser revisado, depois dos oito anos do Lula e depois destas eleições, quando a poeira baixar, seja o conceito da imprensa como formadora de opiniões.
Mas a corrida dos dez dias começa hoje e seu resultado ninguém pode prever com certeza. Virá alguma bomba de fragmentação de última hora ou tudo que poderia explodir já explodiu? O que prevalecerá no final, os índices inalterados da Dilma ou o noticiário? Faça a sua aposta.
DESEMPREGO RECUA PARA 6,7% E ATINGE A MENOR TAXA NA SÉRIE HISTÓRICA DO IBGE
Do Blog do Frave
23/09/2010 - 10:51h
Desemprego recua para 6,7% e atinge menor taxa na série histórica do IBGE. Renda bate recorde em todas as regiões pesquisadas
VERENA FORNETTI – Folha.com
DO RIO
A taxa de desemprego média no Brasil em agosto foi de 6,7%, desacelerando frente aos 6,9% registrados em julho, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice é o menor registrado na série histórica, iniciada em março de 2002.
Na comparação com agosto de 2009, houve queda de 1,4 ponto percentual –a taxa havia ficado em 8,1% naquele mês.
A renda média do trabalhador cresceu 1,4% ante julho e 5,5% frente ao mesmo intervalo no ano passado, ficando em R$ 1.472,10.
O IBGE registrou em agosto uma média mensal de 1,6 milhão de pessoas desocupadas, com estabilidade no confronto mensal, mas queda de 15,3% ante igual período em 2009.
A população ocupada média em agosto foi de 22,1 milhões de trabalhadores, o que indica alta de 3,2% ante agosto do ano passado.
O IBGE mede a situação do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. São pesquisados cerca de 44 mil domicílios.
23/09/2010 - 10:51h
Desemprego recua para 6,7% e atinge menor taxa na série histórica do IBGE. Renda bate recorde em todas as regiões pesquisadas
VERENA FORNETTI – Folha.com
DO RIO
A taxa de desemprego média no Brasil em agosto foi de 6,7%, desacelerando frente aos 6,9% registrados em julho, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice é o menor registrado na série histórica, iniciada em março de 2002.
Na comparação com agosto de 2009, houve queda de 1,4 ponto percentual –a taxa havia ficado em 8,1% naquele mês.
A renda média do trabalhador cresceu 1,4% ante julho e 5,5% frente ao mesmo intervalo no ano passado, ficando em R$ 1.472,10.
O IBGE registrou em agosto uma média mensal de 1,6 milhão de pessoas desocupadas, com estabilidade no confronto mensal, mas queda de 15,3% ante igual período em 2009.
A população ocupada média em agosto foi de 22,1 milhões de trabalhadores, o que indica alta de 3,2% ante agosto do ano passado.
O IBGE mede a situação do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. São pesquisados cerca de 44 mil domicílios.
ENTIDADES PROMOVEM ATO CONTRA A IMPRENSA EM SP
Da Folha Online
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
DO RIO
Atualizado às 23h14.
Centrais sindicais, entidades de militância pró-governo, representantes de partidos políticos e jornalistas fizeram manifestação ontem à noite de "resistência às ações eleitorais" que consideram estar sendo promovidas por veículos de imprensa.
O evento, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, reuniu cerca de 300 pessoas no auditório e outras 200 do lado de fora, segundo os organizadores.
O jornalista Altamiro Borges, do Centro de Mídia Independente, leu um manifesto em que afirmou que o ato não tinha como objetivo atacar a mídia, mas criticar os veículos que estariam praticando "golpismo midiático".
O manifesto defende uma investigação dos contratos de publicidade de grandes empresas como a Editora Abril, a Folha e o jornal "O Estado de S. Paulo" e pede que essa apuração seja feita pela vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau.
Marlene Bergamo/Folhapress
Entidades protestam contra imprensa em São Paulo
É resposta ao pedido de informações encaminhado pelo Ministério Público Eleitoral à revista "Carta Capital" sobre os valores da verba publicitária que a publicação recebeu do governo federal nos últimos dois anos, processo administrativo aberto por decisão de Cureau.
Os manifestantes defenderam ainda uma campanha para promover a assinatura dos veículos de mídia que intitulam de "progressistas".
Participaram do ato centrais sindicais e membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da UNE (União Nacional dos Estudantes), além de representantes de partidos como PT, PC do B, PDT e PSB.
Também estavam presentes a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), o vereador Jamil Murad (PC do B), o presidente nacional do PC do B, Renato Rabelo, e o jornalista Luiz Carlos Azenha.
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
DO RIO
Atualizado às 23h14.
Centrais sindicais, entidades de militância pró-governo, representantes de partidos políticos e jornalistas fizeram manifestação ontem à noite de "resistência às ações eleitorais" que consideram estar sendo promovidas por veículos de imprensa.
O evento, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, reuniu cerca de 300 pessoas no auditório e outras 200 do lado de fora, segundo os organizadores.
O jornalista Altamiro Borges, do Centro de Mídia Independente, leu um manifesto em que afirmou que o ato não tinha como objetivo atacar a mídia, mas criticar os veículos que estariam praticando "golpismo midiático".
O manifesto defende uma investigação dos contratos de publicidade de grandes empresas como a Editora Abril, a Folha e o jornal "O Estado de S. Paulo" e pede que essa apuração seja feita pela vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau.
Marlene Bergamo/Folhapress
Entidades protestam contra imprensa em São Paulo
É resposta ao pedido de informações encaminhado pelo Ministério Público Eleitoral à revista "Carta Capital" sobre os valores da verba publicitária que a publicação recebeu do governo federal nos últimos dois anos, processo administrativo aberto por decisão de Cureau.
Os manifestantes defenderam ainda uma campanha para promover a assinatura dos veículos de mídia que intitulam de "progressistas".
Participaram do ato centrais sindicais e membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da UNE (União Nacional dos Estudantes), além de representantes de partidos como PT, PC do B, PDT e PSB.
Também estavam presentes a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), o vereador Jamil Murad (PC do B), o presidente nacional do PC do B, Renato Rabelo, e o jornalista Luiz Carlos Azenha.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
PT REALIZA GRANDE CARREATA PELAS RUAS DA REGIÃO
O PT da Freguesia/Brasilandia realizou nesta quarta (22) uma grande carreata que reuniu cerca de 30 carros de várias candidaturas para impulsionar a campanha de Aloisio Mercadante para Governador, Marta Suplicy para Senado e Dilma para Presidente.
Num trajeto que durou cerca de 3 horas a carreata passou pelos bairros de Freguesia do Ó, Vila Brasilandia, Jd. Vista Alegre, Jd. Guarani, Jardim Princesa e Pq. Tietê e contou com a receptividade de várias pessoas que acenavam e afirmavam seu voto no PT.
Para a animação do evento foi disponibilizado 2 carros de som e a participação de várias dobradas de candidatos a proporcionais que atuam na região.
Num trajeto que durou cerca de 3 horas a carreata passou pelos bairros de Freguesia do Ó, Vila Brasilandia, Jd. Vista Alegre, Jd. Guarani, Jardim Princesa e Pq. Tietê e contou com a receptividade de várias pessoas que acenavam e afirmavam seu voto no PT.
Para a animação do evento foi disponibilizado 2 carros de som e a participação de várias dobradas de candidatos a proporcionais que atuam na região.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
IMPRENSA NO CENTRO DO DEBATE ELEITORAL
Reproduzo artigo de Ricardo Kotscho, publicado no blog Balaio do Kotscho:
Sou de um tempo muito antigo, como vocês sabem, quando a imprensa ainda publicava notícias. No momento em que a própria imprensa vira notícia, como está acontecendo agora na campanha eleitoral, alguma coisa está errada.
“Em evento, Dilma acusa Folha de parcialidade”, destaca a Folha de S. Paulo, em sua primeira página desta terça-feira.
Manchete do site do jornal O Globo abrindo o dia: “Após ataques de Lula, MST e centrais sindicais se juntam contra a imprensa”. Várias entidades do movimento social, informa o jornal carioca, marcaram para quinta-feira, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, um “Ato contra o golpismo midiático”.
Até os quartéis já entraram na roda. Na mesma quinta-feira, no Rio de Janeiro, foi marcado pelo Clube Militar, tradicional reduto das fardas mais reacionárias, um debate sobre “A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão”. Jornalistas convidados: os democratas Reinaldo Azevedo, da Veja, e Merval Pereira, de O Globo.
O clima que se vive neste momento decisivo da campanha presidencial de 2010, a apenas 11 dias das eleições, pode ser resumido no convite para o ato de São Paulo:
“Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservador, essa ofensiva antidemocrática precisa ser barrada”.
A escalada da radicalização, que colocou a imprensa no centro do debate eleitoral como parte e não apenas testemunha do processo, começou há cerca de quatro semanas, quando as pesquisas mostraram um quadro estabilizado, indicando decisão no primeiro turno, baseada a trilogia de capas do “polvo” da revista Veja e a série de reportagens da Folha para desconstruir a imagem e a campanha da candidata Dilma Rousseff.
O auge se deu no último fim de semana, com o discurso do presidente Lula, num comício em Campinas, em que ele fez seu mais violento ataque à grande imprensa nesta campanha.
“Nós somos a opinião pública (…) Não vamos derrotar apenas nossos adversários tucanos. Vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político e não têm coragem de dizer que são um partido político”.
Na segunda-feira, no Rio, a própria candidata Dilma, acusada pelo jornal de favorecer uma empresa em 1994, também perdeu a paciência com a Folha e partiu para o ataque:
“Eu queria fazer um protesto veemente contra a parcialidade do jornal Folha de S. Paulo. Eu fui julgada pelo Tribunal de Contas do Estado e todas as minhas contas foram aprovadas (…) A matéria é parcial e de má fé!”, acusou ela, de dedo em riste, em seu primeiro desabafo na campanha.
Curioso é que, enquanto subia a temperatura no confronto entre o PT e a imprensa, o candidato tucano José Serra se afastava do tiroteio, preferindo apresentar novas promessas ao eleitorado a cada dia. A mais recente foi oferecer o 13º aos beneficiários do Bolsa Família.
Serra já tinha prometido dobrar este benefício e elevar o salário mínimo para R$600, além de asfaltar a Transamazônica e construir 400 quilômetros de metrô. Como ninguém da imprensa lhe indagou de onde virão os recursos, caso seja eleito, o candidato parece ter gostado da nova estratégia.
Melhor assim. O clima de beligerância dos últimos dias não contribui para melhorar a nossa democracia nem as nossas vidas. Está na hora de todo mundo baixar a bola e deixar o eleitor decidir com tranquilidade o que ele quer para o futuro do país.
Sou de um tempo muito antigo, como vocês sabem, quando a imprensa ainda publicava notícias. No momento em que a própria imprensa vira notícia, como está acontecendo agora na campanha eleitoral, alguma coisa está errada.
“Em evento, Dilma acusa Folha de parcialidade”, destaca a Folha de S. Paulo, em sua primeira página desta terça-feira.
Manchete do site do jornal O Globo abrindo o dia: “Após ataques de Lula, MST e centrais sindicais se juntam contra a imprensa”. Várias entidades do movimento social, informa o jornal carioca, marcaram para quinta-feira, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, um “Ato contra o golpismo midiático”.
Até os quartéis já entraram na roda. Na mesma quinta-feira, no Rio de Janeiro, foi marcado pelo Clube Militar, tradicional reduto das fardas mais reacionárias, um debate sobre “A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão”. Jornalistas convidados: os democratas Reinaldo Azevedo, da Veja, e Merval Pereira, de O Globo.
O clima que se vive neste momento decisivo da campanha presidencial de 2010, a apenas 11 dias das eleições, pode ser resumido no convite para o ato de São Paulo:
“Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservador, essa ofensiva antidemocrática precisa ser barrada”.
A escalada da radicalização, que colocou a imprensa no centro do debate eleitoral como parte e não apenas testemunha do processo, começou há cerca de quatro semanas, quando as pesquisas mostraram um quadro estabilizado, indicando decisão no primeiro turno, baseada a trilogia de capas do “polvo” da revista Veja e a série de reportagens da Folha para desconstruir a imagem e a campanha da candidata Dilma Rousseff.
O auge se deu no último fim de semana, com o discurso do presidente Lula, num comício em Campinas, em que ele fez seu mais violento ataque à grande imprensa nesta campanha.
“Nós somos a opinião pública (…) Não vamos derrotar apenas nossos adversários tucanos. Vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político e não têm coragem de dizer que são um partido político”.
Na segunda-feira, no Rio, a própria candidata Dilma, acusada pelo jornal de favorecer uma empresa em 1994, também perdeu a paciência com a Folha e partiu para o ataque:
“Eu queria fazer um protesto veemente contra a parcialidade do jornal Folha de S. Paulo. Eu fui julgada pelo Tribunal de Contas do Estado e todas as minhas contas foram aprovadas (…) A matéria é parcial e de má fé!”, acusou ela, de dedo em riste, em seu primeiro desabafo na campanha.
Curioso é que, enquanto subia a temperatura no confronto entre o PT e a imprensa, o candidato tucano José Serra se afastava do tiroteio, preferindo apresentar novas promessas ao eleitorado a cada dia. A mais recente foi oferecer o 13º aos beneficiários do Bolsa Família.
Serra já tinha prometido dobrar este benefício e elevar o salário mínimo para R$600, além de asfaltar a Transamazônica e construir 400 quilômetros de metrô. Como ninguém da imprensa lhe indagou de onde virão os recursos, caso seja eleito, o candidato parece ter gostado da nova estratégia.
Melhor assim. O clima de beligerância dos últimos dias não contribui para melhorar a nossa democracia nem as nossas vidas. Está na hora de todo mundo baixar a bola e deixar o eleitor decidir com tranquilidade o que ele quer para o futuro do país.
MINISTÉRIO PÚBLICO MANDA INSTAURAR INQUÉRITO PARA APURAR CRIME DE SERRA CONTRA O PT
Do site do PT Nacional
O Ministério Público do Estado de São Paulo acolheu a representação do PT contra o candidato do PSDB, José Serra, por crime contra a honra.
No dia 26 de agosto, durante discurso na sede da Abimaq, em São Paulo, Serra acusou o PT pela quebra do sigilo fiscal do vice-presidente do seu partido, Eduardo Jorge Caldas e declarou a jornais que Dilma e o PT praticavam “crime contra a democracia”, “jogo sujo”, “espionagem” e “chantagem”.
No dia 30 de agosto de 2010 o presidente do PT, José Eduardo Dutra,requereu ao Ministério Público Eleitoral a investigação do candidato tucano. O pedido do PT tinha como objetivo “assegurar a lisura na campanha eleitoral e prevenir comportamentos semelhantes, que maculem a transparência do pleito eleitoral e submetam o eleitor a informações inverídicas, distorcidas, turbando sua liberdade de escolha e o exercício da democracia”.
O promotor da 259ª Zona Eleitoral de São Paulo requisitou a instauração de inquérito policial para ouvir o candidato José Serra e investigar a prática de crimes contra a honra que teriam sido praticados por ele contra a candidata Dilma Roussef e o PT.
O promotor entendeu necessário ouvir José Serra para confirmar as frases a ele atribuídas e juntar provas de suas alegações. Para isso, requereu a abertura de inquérito policial. O processo ainda passará pelo Juiz Eleitoral e depois vai para a Policia Federal, órgão competente para investigar os fatos.
O Ministério Público do Estado de São Paulo acolheu a representação do PT contra o candidato do PSDB, José Serra, por crime contra a honra.
No dia 26 de agosto, durante discurso na sede da Abimaq, em São Paulo, Serra acusou o PT pela quebra do sigilo fiscal do vice-presidente do seu partido, Eduardo Jorge Caldas e declarou a jornais que Dilma e o PT praticavam “crime contra a democracia”, “jogo sujo”, “espionagem” e “chantagem”.
No dia 30 de agosto de 2010 o presidente do PT, José Eduardo Dutra,requereu ao Ministério Público Eleitoral a investigação do candidato tucano. O pedido do PT tinha como objetivo “assegurar a lisura na campanha eleitoral e prevenir comportamentos semelhantes, que maculem a transparência do pleito eleitoral e submetam o eleitor a informações inverídicas, distorcidas, turbando sua liberdade de escolha e o exercício da democracia”.
O promotor da 259ª Zona Eleitoral de São Paulo requisitou a instauração de inquérito policial para ouvir o candidato José Serra e investigar a prática de crimes contra a honra que teriam sido praticados por ele contra a candidata Dilma Roussef e o PT.
O promotor entendeu necessário ouvir José Serra para confirmar as frases a ele atribuídas e juntar provas de suas alegações. Para isso, requereu a abertura de inquérito policial. O processo ainda passará pelo Juiz Eleitoral e depois vai para a Policia Federal, órgão competente para investigar os fatos.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
IBOPE - DILMA LIDERA EM 220 ÁREAS ENQUANTO SERRA LIDERA EM 20
Candidato tucano só bate a petista em bolsões mais ricos
Das 255 áreas do País onde o Ibope faz os seus levantamentos, José Serra tem a liderança em apenas 20 delas
José Roberto de Toledo – O Estado de S.Paulo
O Ibope divide o Brasil em 255 áreas para fazer suas pesquisas. Na maioria dos casos, agrega municípios próximos. Nas grandes cidades, faz o contrário: divide-as em regiões homogêneas. O resultado é o mapa ao lado.
É um quadro mais preciso da sucessão presidencial do que a simples divisão estadual. Percebe-se, em alguns Estados onde Dilma Rousseff (PT) lidera, que ainda há bolsões de voto em José Serra (PSDB). Eles estão localizados, quase sempre, nas regiões mais ricas.
As partes vermelhas apontam as áreas onde a candidata do PT tem pelo menos 5 pontos de vantagem sobre o tucano. Nas azuis, ocorre o contrário. E as zonas cinzas indicam que há empate técnico entre eles (diferença inferior a 5 pontos porcentuais, para um lado ou outro).
Serra só bate Dilma em 20 áreas. Em outras 15 há empate técnico. Dilma supera o tucano nas 220 restantes. Para aumentar as amostras locais, os dados de intenção de voto foram extraídos das pesquisas estaduais do Ibope feitas ao longo dos últimos 30 dias, registradas na Justiça eleitoral.
As áreas predominantemente serristas estão confinadas em bolsões, geralmente localizados no centro e nos bairros mais ricos de metrópoles do Sudeste e do Sul do País. Mais da metade está em São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Belo Horizonte.
Na capital paulista, por exemplo, Serra ganha de Dilma no centro (que inclui Higienópolis e Bela Vista), na zona oeste (em bairros como Perdizes, Pinheiros, Lapa, Butantã), na sudeste (Jardins, Itaim Bibi, Saúde, Ipiranga, Campo Belo) e na zona leste mais próxima ao centro: Tatuapé, Água Rasa, Belém, Penha.
Fora desse círculo, Dilma leva, mas com diferentes graus de intensidade. Sua liderança é menos forte no conjunto da zona norte (Casa Verde, Brasilândia, Jaraguá) do que na sul (Vila Andrade, Jd. São Luís, Jd. Ângela, Capão Redondo, Cidade Dutra, Grajaú). E é moderada na extrema zona leste (Itaquera, São Miguel, Lajeado, Cidade Tiradentes).
Como acontece na maioria das metrópoles brasileiras, a periferia paulistana é mais pobre do que o centro. É lá que se concentra o voto em Dilma. Isso explica porque um eleitor que vive nas regiões centrais não percebe a maioria de dilmistas detectada pelas pesquisas.
No Estado de São Paulo, Serra lidera nas regiões de Sorocaba, Piracicaba e Ribeirão Preto, todas entre as mais ricas. E empata em Araraquara, Bauru e Assis. Dilma lidera no entorno da capital, no litoral, no Vale do Paraíba e nas regiões de Campinas, Itapetininga, Rio Preto, Marília, Araçatuba e Presidente Prudente.
Há outros bolsões serristas nas regiões gaúchas de Vacaria e Camaquã, na serra catarinense e em Rio Branco e Sena Madureira, ambas no Acre. Essas duas se devem ao fato de Marina Silva (PV) ir melhor no seu Estado de origem e tirar votos de Dilma.
No resto do País, predomina o eleitorado da petista. Mas com grandes diferenças de intensidade. Sua vantagem em alguns bairros de Porto Alegre (RS) é estreita, quase na margem de erro. Já nas áreas mais ricas de Salvador (BA) ou do Recife (PE) ela ganha por mais de 30 pontos de Serra.
Isso mostra que a dimensão geográfica é preponderante na eleição presidencial de 2010. Eleitores nordestinos e nortistas tendem a votar mais em Dilma, independentemente de sua classe social. Já no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, o voto em Serra está confinado em bolsões de alta renda, mas não em todos. O tucano perde da petista até na zona sul do Rio de Janeiro. Dilma também ganha em uma das áreas mais ricas do país: o plano piloto de Brasília.
Se esse quadro se confirmar em 3 de outubro, terá ocorrido uma mudança significativa em comparação aos desempenhos de Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) em 2006. Como há quatro anos, existem regiões do País onde a proporção de eleitores de Dilma sobre Serra varia entre 10 e até 20 para 1, segundo o Ibope. São os casos do centro-sul cearense (Iguatu), do oeste potiguar (Pau dos Ferros), do sudeste piauiense (alto e médio Canindé) e da periferia de Manaus. Mas o eleitorado de Dilma terá se expandido para regiões do Sul e do Sudeste onde sempre predominou o voto em presidenciáveis tucanos no primeiro turno.
domingo, 19 de setembro de 2010
MARTA - BRASILÂNDIA E FREGUESIA DO Ó RECEBEM A CANDIDATA DO PT AO SENADO
Postado em 19/09/2010 por Equipe Marta
A Zona Norte da Capital saudou com entusiasmo a carreata da candidata ao Senado pelo PT paulista, Marta Suplicy. A atividade de campanha ocorreu no final da manhã de domingo (19) e percorreu bairros da região da Brasilândia e Freguesia do Ó por uma hora e meia.
Marta fez carreata na Brasilândia neste domingo (foto: Gastão Guedes)
Um dos motivos desse entusiasmo é o fato de Marta ter construído o CEU Paz, no Jardim Paraná, quando foi prefeita da cidade (de 2001 a 2004). Ela também fez o recapeamento da Avenida Cantídio Sampaio e, especialmente, implementou um programa de urbanização e regularização fundiária que beneficiou muitas famílias.
“Vamos dar força ao governo da Dilma e, para isto, estamos fazendo uma grande campanha nestas eleições”, afirmou Marta, instantes antes de iniciar a carreata com dezenas de veículos.
No trajeto, que cruzou vários pontos comerciais, houve muitas manifestações de carinho e apoio, acenos e palavras de agradecimento. A Brasilândia, na gestão da prefeita Marta, foi o terceiro distrito de São Paulo a ser beneficiado pelos programas Renda Mínima, Começar de Novo e Bolsa Trabalho.
Os candidatos a deputado José Genoino (federal) e Matu Pontes (estadual) acompanharam Marta na carreata que terminou às 13h no Largo da Matriz, na Freguesia do Ó, um dos locais mais conhecidos da Zona Norte.
A ESCANDALIZAÇÃO INÚTIL
Do blog do Frave
Marcos Coimbra
A onda de denúncias para impedir vitória da Dilma pipocam a toda hora nestes últimos dias de campanha eleitoral. Faltando duas semanas para a eleição do sucessor ou, pelo que parece, da sucessora de Lula, falar delas se tornou uma verdadeira obsessão para nossa grande imprensa.
Se contarmos o tempo transcorrido desde quando surgiu o “escândalo da Receita”, já faz quase um mês que os grandes jornais de São Paulo e do Rio, as maiores revistas de informação e o noticiário da principal emissora de televisão dão cobertura máxima às denúncias de vários tipos contra Dilma, sua campanha, o PT e o governo Lula.
O caso da Receita e o mais recente, envolvendo o filho da ex-ministra Erenice Guerra, receberam a atenção de todos. Outros, como a bombástica revelação que uma”falha” de Dilma redundara em prejuízo de R$ 1 bilhão aos consumidores de energia elétrica, ficaram reduzidos ao esforço isolado de um veículo (Folha). Como ninguém a levou a sério (nem sequer o jornal que a havia patrocinado), foi logo esquecida.
Essa disposição para denunciar não atinge o universo da imprensa. Brasil afora, jornais e revistas regionais e estaduais mostram-se menos dispostos a fazer coro com os “grandes”.
O mesmo vale na mídia eletrônica, na qual o tom escandaloso não é o padrão de todas.É curioso,mas nenhuma dessas denúncias nasceu na internet, contrariando tendência cada vez mais comum em outros países. Lá, é nos blogs e nos sites independentes que coisas assim começam e têm seu curso, muitas vezes enfrentando a inércia da mídia tradicional.
Aqui, ao contrário, são os jornalões e os grupos de comunicação mais poderosos os mais afoitos na apresentação e na apuração de denúncias.
Não se discute se são falsas ou verdadeiras. É certo que algumas, como o “escândalo da eletricidade”, são apenas bobagens. Outras são importantes e produzem consequências reais, como a que levou à saída de Erenice. Existem as que estavam na geladeira, ao que parece aguardando um “bom momento” para vir à tona, como o ” escândalo da Receita”.
E há as que, aparentemente, apenas coincidiram com outras, como o “escândalo do caseiro”, que ressurgiu das cinzas agora que a Caixa Econômica foi condenada a indenizar a vítima.
Também não se discute o que fazer nos casos em que há suspeita fundamentada ou confirmação de que alguma irregularidade foi praticada. Partindo da premissa de que somos um país sério e que as instituições funcionam, qualquer denúncia com verossimilhança precisa ser apurada e os culpados, punidos.
Aliás, todas estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público, a Polícia Federal e a própria imprensa.
Mas só a velhinha de Taubaté acredita que a coincidência de tantos “escândalos” é obra do acaso. A onda nasceu em tal momento que é impossível não desconfiar que exista intencionalidade por trás dela. Os segmentos na sociedade e na mídia insatisfeitos com a possibilidade de vitória de Dilma aguardavam ansiosos o começo da propaganda eleitoral na televisão e no rádio. Sabe-se lá de onde, imaginavam que Serra reagiria a partir de 17 de agosto e que conseguiria reverter suas perspectivas muito desfavoráveis.
Não viam que o mais provável era o oposto, que Dilma crescesse quando Lula chegasse à televisão.
Como resultado de mais um dos equívocos que cometeram na avaliação das eleições, surpreenderam-se quando a vantagem da candidata do PT rapidamente aumentou. Foi de repente, quando a decepção com a performance de Serra e o susto com o bom desempenho de Dilma se generalizaram, que começamos a ter uma denúncia atrás da outra. A temporada de escândalos teve sua largada na última semana de agosto, quando saíram as primeiras pesquisas públicas feitas após o início do horário gratuito, mostrando que a diferença entre eles passava de 20 pontos.
De lá para cá, nada mudou nas intenções de voto.
Alguns comentaristas procuram indícios de oscilações, com lupas esperançosas, ansiosos para encontrar sinais de que tanto barulho produza efeitos.
Até agora, nada. Chega a ser engraçado, mas há países em que se proíbe a divulgação de pesquisas eleitorais nos 30 dias que antecedem uma eleição. Tudo para não perturbar as pessoas na fase da campanha em que deveriam pensar mais. Eles acham que ninguém deveria interferir nesse momento de recolhimento e reflexão.É porque não conhecem o que é capaz de fazer (ou de tentar fazer) nossa”grande imprensa”.
Marcos Coimbra
A onda de denúncias para impedir vitória da Dilma pipocam a toda hora nestes últimos dias de campanha eleitoral. Faltando duas semanas para a eleição do sucessor ou, pelo que parece, da sucessora de Lula, falar delas se tornou uma verdadeira obsessão para nossa grande imprensa.
Se contarmos o tempo transcorrido desde quando surgiu o “escândalo da Receita”, já faz quase um mês que os grandes jornais de São Paulo e do Rio, as maiores revistas de informação e o noticiário da principal emissora de televisão dão cobertura máxima às denúncias de vários tipos contra Dilma, sua campanha, o PT e o governo Lula.
O caso da Receita e o mais recente, envolvendo o filho da ex-ministra Erenice Guerra, receberam a atenção de todos. Outros, como a bombástica revelação que uma”falha” de Dilma redundara em prejuízo de R$ 1 bilhão aos consumidores de energia elétrica, ficaram reduzidos ao esforço isolado de um veículo (Folha). Como ninguém a levou a sério (nem sequer o jornal que a havia patrocinado), foi logo esquecida.
Essa disposição para denunciar não atinge o universo da imprensa. Brasil afora, jornais e revistas regionais e estaduais mostram-se menos dispostos a fazer coro com os “grandes”.
O mesmo vale na mídia eletrônica, na qual o tom escandaloso não é o padrão de todas.É curioso,mas nenhuma dessas denúncias nasceu na internet, contrariando tendência cada vez mais comum em outros países. Lá, é nos blogs e nos sites independentes que coisas assim começam e têm seu curso, muitas vezes enfrentando a inércia da mídia tradicional.
Aqui, ao contrário, são os jornalões e os grupos de comunicação mais poderosos os mais afoitos na apresentação e na apuração de denúncias.
Não se discute se são falsas ou verdadeiras. É certo que algumas, como o “escândalo da eletricidade”, são apenas bobagens. Outras são importantes e produzem consequências reais, como a que levou à saída de Erenice. Existem as que estavam na geladeira, ao que parece aguardando um “bom momento” para vir à tona, como o ” escândalo da Receita”.
E há as que, aparentemente, apenas coincidiram com outras, como o “escândalo do caseiro”, que ressurgiu das cinzas agora que a Caixa Econômica foi condenada a indenizar a vítima.
Também não se discute o que fazer nos casos em que há suspeita fundamentada ou confirmação de que alguma irregularidade foi praticada. Partindo da premissa de que somos um país sério e que as instituições funcionam, qualquer denúncia com verossimilhança precisa ser apurada e os culpados, punidos.
Aliás, todas estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público, a Polícia Federal e a própria imprensa.
Mas só a velhinha de Taubaté acredita que a coincidência de tantos “escândalos” é obra do acaso. A onda nasceu em tal momento que é impossível não desconfiar que exista intencionalidade por trás dela. Os segmentos na sociedade e na mídia insatisfeitos com a possibilidade de vitória de Dilma aguardavam ansiosos o começo da propaganda eleitoral na televisão e no rádio. Sabe-se lá de onde, imaginavam que Serra reagiria a partir de 17 de agosto e que conseguiria reverter suas perspectivas muito desfavoráveis.
Não viam que o mais provável era o oposto, que Dilma crescesse quando Lula chegasse à televisão.
Como resultado de mais um dos equívocos que cometeram na avaliação das eleições, surpreenderam-se quando a vantagem da candidata do PT rapidamente aumentou. Foi de repente, quando a decepção com a performance de Serra e o susto com o bom desempenho de Dilma se generalizaram, que começamos a ter uma denúncia atrás da outra. A temporada de escândalos teve sua largada na última semana de agosto, quando saíram as primeiras pesquisas públicas feitas após o início do horário gratuito, mostrando que a diferença entre eles passava de 20 pontos.
De lá para cá, nada mudou nas intenções de voto.
Alguns comentaristas procuram indícios de oscilações, com lupas esperançosas, ansiosos para encontrar sinais de que tanto barulho produza efeitos.
Até agora, nada. Chega a ser engraçado, mas há países em que se proíbe a divulgação de pesquisas eleitorais nos 30 dias que antecedem uma eleição. Tudo para não perturbar as pessoas na fase da campanha em que deveriam pensar mais. Eles acham que ninguém deveria interferir nesse momento de recolhimento e reflexão.É porque não conhecem o que é capaz de fazer (ou de tentar fazer) nossa”grande imprensa”.
sábado, 18 de setembro de 2010
CERCA DE 10 MIL ELEITORES FAZEM 2º VIA DE TÍTULO NESTE SÁBADO
Do Estadão.com.br
Julia Baptista, da Central de Notícias
SÃO PAULO- O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) informou que 9.960 eleitores procuraram os cartórios eleitorais do estado para solicitar a segunda via do título de eleitor neste sábado, 18. Amanhã os cartórios de todo o estado também funcionarão das 12 às 18 horas.
Nesta eleições o eleitor será obrigado a apresentar o título de eleitor e um documento oficial com foto. A inovação foi introduzida pela lei 12.034, aprovada em 2009 pelo Congresso Nacional.
O prazo para obter a segunda via/reimpressão do título vai até dia 23, 10 dias antes do primeiro turno.
Quem perdeu ou teve extraviado seu título pode solicitar o documento em qualquer cartório eleitoral do país. Basta comparecer munido de um documento oficial com foto, como por exemplo RG, carteira profissional, certificado de reservista e carteira de motorista.
Julia Baptista, da Central de Notícias
SÃO PAULO- O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) informou que 9.960 eleitores procuraram os cartórios eleitorais do estado para solicitar a segunda via do título de eleitor neste sábado, 18. Amanhã os cartórios de todo o estado também funcionarão das 12 às 18 horas.
Nesta eleições o eleitor será obrigado a apresentar o título de eleitor e um documento oficial com foto. A inovação foi introduzida pela lei 12.034, aprovada em 2009 pelo Congresso Nacional.
O prazo para obter a segunda via/reimpressão do título vai até dia 23, 10 dias antes do primeiro turno.
Quem perdeu ou teve extraviado seu título pode solicitar o documento em qualquer cartório eleitoral do país. Basta comparecer munido de um documento oficial com foto, como por exemplo RG, carteira profissional, certificado de reservista e carteira de motorista.
LULA EM CAMPINAS: "O POVO MAIS POBRE NÃO PRECISA MAIS DE FORMADOR DE OPINIÃO".
Foto do site G1
Em comício hoje a tarde na cidade de Campinas (SP), o presidente Lula fez duras críticas à alguns setores da imprensa dizendo que "Tem dia que determinados setores da imprensa brasileira chegam a ser uma vergonha. Se o dono do jornal ler o seu jornal ou o dono da revista ler a sua revista, eles ficariam com vergonha do que eles estão escrevendo exatamente neste momento" e ainda que "o povo mais pobre não precisa "mais de formador de opinião".
Durante seu discurso Lula aconselhou Dilma e Mercadante "Se mantenham tranquilos, porque outra vez, Dilma, nós não vamos derrotar apenas os nossos adversários tucanos. Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem partido político e não tem coragem de dizer que são partido político, que têm candidato e não têm coragem de dizer que têm candidato, que não são democratas e pensam que são". Ele recomendou à candidata Dilma tenha bom humor e que não se abale por denúncias.
Para ele "alguns jornais e revistas se comportam como partido político e fez referências a revista "Veja" chamando-a de Óia".
CAMINHADA COM MARTA NA BRASILÂNDIA
DIA 19.09.2010 domingo - Concentração a partir das 10:00hs.
Local: Comércio da Brasilândia
Endereço: Concentração na Praça Divino Pai Eterno - no início da Estrada da Cachoeira próx. CEU Paulistano - Jd. Paulistano
DIA 19.09.2010 domingo - Concentração a partir das 10:30hs.
Visita ao Comércio Largo Santa Terezinha
Saíra em carreata pela:
Rua Manuel Bolivar, Largo Santa Terezinha (visita ao Comércio), Estrada Lázaro Amâncio de Barros, Rua Parapuã encerrando na Av. Itaberaba em frente ao Supermercado Sondas.
Local: Comércio da Brasilândia
Endereço: Concentração na Praça Divino Pai Eterno - no início da Estrada da Cachoeira próx. CEU Paulistano - Jd. Paulistano
DIA 19.09.2010 domingo - Concentração a partir das 10:30hs.
Visita ao Comércio Largo Santa Terezinha
Saíra em carreata pela:
Rua Manuel Bolivar, Largo Santa Terezinha (visita ao Comércio), Estrada Lázaro Amâncio de Barros, Rua Parapuã encerrando na Av. Itaberaba em frente ao Supermercado Sondas.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
OS JORNALISTAS TUCANOS
por Marcos Coimbra – Carta Capital
Quando, no futuro, for escrita a crônica das eleições de 2010, procurando entender o desfecho que hoje parece mais provável, um capítulo terá de ser dedicado ao papel que nelas tiveram os jornalistas tucanos.
Foram muitas as causas que concorreram para provocar o resultado destas eleições. Algumas são internas aos partidos oposicionistas, suas lideranças, seu estilo de fazer política. É bem possível que se saíssem melhor se tivessem se renovado, mudado de comportamento. Se tivessem permitido que novos quadros assumissem o lugar dos antigos.
Por motivos difíceis de entender, as oposições aceitaram que sua velha elite determinasse o caminho que seguiriam na sucessão de Lula. Ao fazê-lo, concordaram em continuar com a cara que tinham em 2002, mostrando-se ao País como algo que permanecera no mesmo lugar, enquanto tudo mudara. A sociedade era outra, a economia tinha ficado diferente, o mundo estava modificado. Lula e o PT haviam se transformado. Só o que se mantinha intocada era a oposição brasileira: as mesmas pessoas, o mesmo discurso, o mesmo ar perplexo de quem não entende por que não está no poder.
Em nenhum momento isso ficou tão claro quanto na opção de conceder a José Serra uma espécie de direito natural à candidatura presidencial (e todo o tempo do mundo para que confirmasse se a desejava). Depois, para que resolvesse quando começaria a fazer campanha. Não se discutiu o que era melhor para os partidos, seus militantes, as pessoas que concordam com eles na sociedade. Deram-lhe um cheque em branco e deixaram a decisão em suas mãos, tornando-a uma questão de foro íntimo: ser ou não ser (candidato)?
Mas, por mais que as oposições tivessem sido capazes de se renovar, por mais que houvessem conseguido se libertar de lideranças ultrapassadas, a principal causa do resultado que devemos ter é externa. Seu adversário se mostrou tão superior que lhes deu um passeio.
Olhando-a da perspectiva de hoje, a habilidade de Lula na montagem do quadro eleitoral de 2010 só pode ser admirada. Fez tudo certo de seu lado e conseguiu antecipar com competência o que seus oponentes fariam. Ele se parece com um personagem de histórias infantis: construiu uma armadilha e conduziu os ingênuos carneirinhos (que continuavam a se achar muito espertos) a cair nela.
Se tivesse feito, nos últimos anos, um governo apenas sofrível, sua destreza já seria suficiente para colocá-lo em vantagem. Com o respaldo de um governo quase unanimemente aprovado, com indicadores de performance muito superiores aos de seus antecessores, a chance de que fizesse sua sucessora sempre foi altíssima, ainda que as oposições viessem com o que tinham de melhor.
Entre os erros que elas cometeram e os acertos de Lula, muito se explica do que vamos ter em 3 de outubro. Mas há uma parte da explicação que merece destaque: o quanto os jornalistas tucanos contribuíram para que isso ocorresse.
Foram eles que mais estimularam a noção de que Serra era o verdadeiro nome das oposições para disputar com Dilma Rousseff. Não apenas os jornalistas profissionais, mas também os intelectuais que os jornais recrutam para dar mais “amplitude” às suas análises e cobertura.
Não há ninguém tão dependente da opinião do jornalista tucano quanto o político tucano. Parece que acorda de manhã ansioso para saber o que colunistas e comentaristas tucanos (ou que, simplesmente, não gostam de Lula e do governo) escreveram. Sabe-se lá o motivo, os tucanos da política acham que os tucanos da imprensa são ótimos analistas. São, provavelmente, os únicos que acham isso.
Enquanto os bons políticos tucanos (especialmente os mais jovens) viam com clareza o abismo se abrir à sua frente, essa turma empurrava as oposições ladeira abaixo. Do alto de sua incapacidade de entender o eleitor, ela supunha que Serra estava fadado à vitória.
Quem acompanhou a cobertura que a “grande imprensa” fez destas eleições viu, do fim de 2009 até agora, uma sucessão de análises erradas, hipóteses furadas, teses sem pé nem cabeça. Todas inventadas para justificar o “favoritismo” de Serra, que só existia no desejo de quem as elaborava.
Se não fossem tão ineptas, essas pessoas poderiam, talvez, ter impulsionado as oposições na direção de projetos menos equivocados. Se não fossem tão arrogantes, teriam, quem sabe, poupado seus amigos políticos do fracasso quase inevitável que os espera.
Marcos Coimbra
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.
Quando, no futuro, for escrita a crônica das eleições de 2010, procurando entender o desfecho que hoje parece mais provável, um capítulo terá de ser dedicado ao papel que nelas tiveram os jornalistas tucanos.
Foram muitas as causas que concorreram para provocar o resultado destas eleições. Algumas são internas aos partidos oposicionistas, suas lideranças, seu estilo de fazer política. É bem possível que se saíssem melhor se tivessem se renovado, mudado de comportamento. Se tivessem permitido que novos quadros assumissem o lugar dos antigos.
Por motivos difíceis de entender, as oposições aceitaram que sua velha elite determinasse o caminho que seguiriam na sucessão de Lula. Ao fazê-lo, concordaram em continuar com a cara que tinham em 2002, mostrando-se ao País como algo que permanecera no mesmo lugar, enquanto tudo mudara. A sociedade era outra, a economia tinha ficado diferente, o mundo estava modificado. Lula e o PT haviam se transformado. Só o que se mantinha intocada era a oposição brasileira: as mesmas pessoas, o mesmo discurso, o mesmo ar perplexo de quem não entende por que não está no poder.
Em nenhum momento isso ficou tão claro quanto na opção de conceder a José Serra uma espécie de direito natural à candidatura presidencial (e todo o tempo do mundo para que confirmasse se a desejava). Depois, para que resolvesse quando começaria a fazer campanha. Não se discutiu o que era melhor para os partidos, seus militantes, as pessoas que concordam com eles na sociedade. Deram-lhe um cheque em branco e deixaram a decisão em suas mãos, tornando-a uma questão de foro íntimo: ser ou não ser (candidato)?
Mas, por mais que as oposições tivessem sido capazes de se renovar, por mais que houvessem conseguido se libertar de lideranças ultrapassadas, a principal causa do resultado que devemos ter é externa. Seu adversário se mostrou tão superior que lhes deu um passeio.
Olhando-a da perspectiva de hoje, a habilidade de Lula na montagem do quadro eleitoral de 2010 só pode ser admirada. Fez tudo certo de seu lado e conseguiu antecipar com competência o que seus oponentes fariam. Ele se parece com um personagem de histórias infantis: construiu uma armadilha e conduziu os ingênuos carneirinhos (que continuavam a se achar muito espertos) a cair nela.
Se tivesse feito, nos últimos anos, um governo apenas sofrível, sua destreza já seria suficiente para colocá-lo em vantagem. Com o respaldo de um governo quase unanimemente aprovado, com indicadores de performance muito superiores aos de seus antecessores, a chance de que fizesse sua sucessora sempre foi altíssima, ainda que as oposições viessem com o que tinham de melhor.
Entre os erros que elas cometeram e os acertos de Lula, muito se explica do que vamos ter em 3 de outubro. Mas há uma parte da explicação que merece destaque: o quanto os jornalistas tucanos contribuíram para que isso ocorresse.
Foram eles que mais estimularam a noção de que Serra era o verdadeiro nome das oposições para disputar com Dilma Rousseff. Não apenas os jornalistas profissionais, mas também os intelectuais que os jornais recrutam para dar mais “amplitude” às suas análises e cobertura.
Não há ninguém tão dependente da opinião do jornalista tucano quanto o político tucano. Parece que acorda de manhã ansioso para saber o que colunistas e comentaristas tucanos (ou que, simplesmente, não gostam de Lula e do governo) escreveram. Sabe-se lá o motivo, os tucanos da política acham que os tucanos da imprensa são ótimos analistas. São, provavelmente, os únicos que acham isso.
Enquanto os bons políticos tucanos (especialmente os mais jovens) viam com clareza o abismo se abrir à sua frente, essa turma empurrava as oposições ladeira abaixo. Do alto de sua incapacidade de entender o eleitor, ela supunha que Serra estava fadado à vitória.
Quem acompanhou a cobertura que a “grande imprensa” fez destas eleições viu, do fim de 2009 até agora, uma sucessão de análises erradas, hipóteses furadas, teses sem pé nem cabeça. Todas inventadas para justificar o “favoritismo” de Serra, que só existia no desejo de quem as elaborava.
Se não fossem tão ineptas, essas pessoas poderiam, talvez, ter impulsionado as oposições na direção de projetos menos equivocados. Se não fossem tão arrogantes, teriam, quem sabe, poupado seus amigos políticos do fracasso quase inevitável que os espera.
Marcos Coimbra
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
DATAFOLHA - DILMA OSCILA PARA 51% E SE DISTANCIA 24 PONTOS DE SERRA
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Apesar do intenso noticiário das últimas semanas sobre a quebra dos sigilos fiscais de tucanos, a corrida presidencial entrou em fase de alta estabilidade nas taxas de intenção de voto dos principais candidatos.
Dilma Rousseff (PT) venceria a disputa no primeiro turno se a eleição fosse hoje.
Segundo pesquisa Datafolha nos dias 13 a 15 deste mês com 11.784 entrevistas em todo o país, a petista tem 51%. Oscilou um ponto percentual para cima em relação ao levantamento anterior, dos dias 8 e 9. A margem de erro máxima é de dois pontos, para mais ou para menos.
Quando se consideram só os votos válidos, os dados apenas aos candidatos (excluindo-se os brancos e os nulos), Dilma vai a 57%.
José Serra (PSDB) ficou exatamente como há uma semana, com 27%. Marina Silva (PV) também repetiu sua taxa de 11%. Em votos válidos, o tucano tem 30%. A verde fica com 12%. Há 4% que dizem votar em branco, nulo ou nenhum. Outros 7% se declaram indecisos.
Os demais seis candidatos não pontuaram, segundo o Datafolha –que realizou a pesquisa sob encomenda da Folha e da Rede Globo.
ESCÂNDALO DA RECEITA
O levantamento comprovou que teve impacto mínimo até agora, quase imperceptível, o escândalo da quebra de sigilo de tucanos e da filha de Serra, Veronica.
O Datafolha apurou que 57% dos eleitores tomaram conhecimento do assunto. Mas, apesar de a maioria conhecer o caso, só 12% se consideram bem informados a respeito.
As taxas de maior conhecimento estão entre os mais escolarizados (86%) e os que têm maior renda mensal (84%). Mas esses segmentos são minoritários no eleitorado e não provocaram alterações no quadro geral.
Numa estratificação apenas dos que se declaram mais bem informados, a taxa de intenção de votos de Dilma fica em 46% (contra os 51% no cômputo geral). Serra vai a 33% e Marina oscila para 14%. Ou seja, a soma do tucano com a verde daria 47%, e o cenário seria de um possível segundo turno.
No outro extremo, entretanto, quando são separados apenas os eleitores que nunca ouviram falar do caso da quebra de sigilos fiscais de tucanos, Dilma vai a 53%, Serra desce a 24% e Marina pontua apenas 8%.
A estabilidade do quadro geral apurado pelo Datafolha também aparece em quase todos os segmentos pesquisados pelo instituto.
SEGUNDO TURNO
Na simulação de segundo turno, Dilma venceria com 57%, contra 35% de Serra. Os percentuais eram 56% e 35% há uma semana.
Do ponto de vista geográfico, as únicas variações significativas e além da margem de erro ocorreram no Paraná, no Rio Grande do Sul, em Brasília e em Belo Horizonte.
Dilma perdeu oito pontos em Curitiba (PR) e voltou a ficar atrás de Serra nessa capital. A petista tem 28%, contra 36% do tucano. No Paraná como um todo, ela recuou cinco pontos –mas ainda lidera por 41% a 35%.
A petista também piorou seu desempenho em Brasília, saindo de 51% para 43%, mas continua líder porque Serra está com 21%.
No Rio Grande do Sul e em Belo Horizonte ocorreu o inverso, com Dilma melhorando seu desempenho. Entre os gaúchos, a petista foi de 43% para 45%, e Serra desceu de 38% para 34%.
Na capital mineira, a petista foi de 40% para 44%. Serra oscilou de 23% para 25%.
A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 30014/2010
DESESPERO - SERRA SE IRRITA EM ENTREVISTA NA TV E CHAMA PROGRAMA DE "MONTADO"
Tucano ameaçou deixar estúdio após ser questionado sobre pesquisas e quebra de sigilo
BRENO COSTA E CATIA SEABRA – FOLHA SP
DE SÃO PAULO
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se irritou durante entrevista ao programa “Jogo do Poder”, da CNT, chamou o programa de “montado” e ameaçou abandonar os estúdios da emissora antes do fim da gravação, ontem, em São Paulo.
O tucano não gostou das perguntas feitas pelos jornalistas Márcia Peltier e Alon Feuerwerker sobre pesquisas de opinião e o suposto uso eleitoral do caso das quebras de sigilos fiscais de tucanos.
A entrevista, agendada pelo candidato à 1h50 de ontem e gravada no início da tarde, tinha exibição prevista para ontem à noite. Ela faz parte de uma série de entrevistas com os candidatos à Presidência. Na semana que vem está prevista a participação de Dilma Rousseff (PT).
O primeiro sinal de irritação apareceu com três minutos de entrevista, depois de ser questionado se ainda era possível “virar” a corrida presidencial, já que Dilma, segundo pesquisas de opinião, venceria no primeiro turno, se as eleições fossem hoje.
“Se a gente for gastar esse tempo todo discutindo pesquisa, não vai levar muito longe”, disse o tucano.
Dois minutos depois, quando Peltier perguntou a Serra se o eleitorado estava entendendo a gravidade do caso das quebras de sigilo fiscal na Receita, ele voltou a mostrar contrariedade.
“Sabe o que eu preferia? Que a gente falasse um pouco do que quer se fazer pelo Brasil”, afirmou o candidato.
No fim do primeiro bloco, mas com câmeras e áudio ainda ligados, Serra passou a discutir com a apresentadora, sem elevar a voz.
Dizendo-se sufocado, ele chegou a tirar o microfone de lapela a pretexto de buscar uma Coca-Cola sem gelo fora do estúdio.
“Nós estamos gastando um tempo aqui, precioso, em vez de falar de programa de governo para vocês repetirem os argumentos do PT, que vocês sabem que são fajutos”, afirmou.
O tucano argumentava que havia combinado previamente com a emissora que a entrevista seria restrita à discussão de propostas de governo. Peltier disse que esses temas seriam abordados nos três blocos seguintes. O candidato não concordou.
“Não vou dar essa entrevista, você me desculpa. Faz de conta que não vim”, disse, emendando que a entrevista não era um “troço sério”.
Em seguida, pediu que os equipamentos fossem desligados. “Isso aqui está um programa montado”, disse.
“Montado para quem? Aqui não tem isso”, respondeu Márcia Peltier.
INTERVENÇÃO
O diretor de jornalismo da emissora, Domingos Trevisan, foi obrigado a intervir e entrar no estúdio. A afirmação de que o programa de governo seria abordado nos blocos seguintes foi reforçada, e o tucano concordou em prosseguir a gravação.
Serra -que chegou à emissora reclamando de mal-estar- tirou fotos ao lado de Peltier ao fim da entrevista. Como a maior parte da discussão foi travada durante o intervalo, apenas parte dela seria levada ao ar.
Depois de editado, o material bruto, com imagens e áudio da discussão, foi entregue à assessoria de Serra, a pedido da campanha.
O objetivo, segundo a assessoria da emissora, era evitar vazamento do material. A assessoria de Serra afirma que levou a fita para fazer a transcrição da entrevista e que imaginou que a emissora tinha ficado com uma cópia.
Serra tem mostrado irritação durante a campanha com perguntas de jornalistas, na maioria dos casos quando abordam pesquisas de opinião.
BRENO COSTA E CATIA SEABRA – FOLHA SP
DE SÃO PAULO
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se irritou durante entrevista ao programa “Jogo do Poder”, da CNT, chamou o programa de “montado” e ameaçou abandonar os estúdios da emissora antes do fim da gravação, ontem, em São Paulo.
O tucano não gostou das perguntas feitas pelos jornalistas Márcia Peltier e Alon Feuerwerker sobre pesquisas de opinião e o suposto uso eleitoral do caso das quebras de sigilos fiscais de tucanos.
A entrevista, agendada pelo candidato à 1h50 de ontem e gravada no início da tarde, tinha exibição prevista para ontem à noite. Ela faz parte de uma série de entrevistas com os candidatos à Presidência. Na semana que vem está prevista a participação de Dilma Rousseff (PT).
O primeiro sinal de irritação apareceu com três minutos de entrevista, depois de ser questionado se ainda era possível “virar” a corrida presidencial, já que Dilma, segundo pesquisas de opinião, venceria no primeiro turno, se as eleições fossem hoje.
“Se a gente for gastar esse tempo todo discutindo pesquisa, não vai levar muito longe”, disse o tucano.
Dois minutos depois, quando Peltier perguntou a Serra se o eleitorado estava entendendo a gravidade do caso das quebras de sigilo fiscal na Receita, ele voltou a mostrar contrariedade.
“Sabe o que eu preferia? Que a gente falasse um pouco do que quer se fazer pelo Brasil”, afirmou o candidato.
No fim do primeiro bloco, mas com câmeras e áudio ainda ligados, Serra passou a discutir com a apresentadora, sem elevar a voz.
Dizendo-se sufocado, ele chegou a tirar o microfone de lapela a pretexto de buscar uma Coca-Cola sem gelo fora do estúdio.
“Nós estamos gastando um tempo aqui, precioso, em vez de falar de programa de governo para vocês repetirem os argumentos do PT, que vocês sabem que são fajutos”, afirmou.
O tucano argumentava que havia combinado previamente com a emissora que a entrevista seria restrita à discussão de propostas de governo. Peltier disse que esses temas seriam abordados nos três blocos seguintes. O candidato não concordou.
“Não vou dar essa entrevista, você me desculpa. Faz de conta que não vim”, disse, emendando que a entrevista não era um “troço sério”.
Em seguida, pediu que os equipamentos fossem desligados. “Isso aqui está um programa montado”, disse.
“Montado para quem? Aqui não tem isso”, respondeu Márcia Peltier.
INTERVENÇÃO
O diretor de jornalismo da emissora, Domingos Trevisan, foi obrigado a intervir e entrar no estúdio. A afirmação de que o programa de governo seria abordado nos blocos seguintes foi reforçada, e o tucano concordou em prosseguir a gravação.
Serra -que chegou à emissora reclamando de mal-estar- tirou fotos ao lado de Peltier ao fim da entrevista. Como a maior parte da discussão foi travada durante o intervalo, apenas parte dela seria levada ao ar.
Depois de editado, o material bruto, com imagens e áudio da discussão, foi entregue à assessoria de Serra, a pedido da campanha.
O objetivo, segundo a assessoria da emissora, era evitar vazamento do material. A assessoria de Serra afirma que levou a fita para fazer a transcrição da entrevista e que imaginou que a emissora tinha ficado com uma cópia.
Serra tem mostrado irritação durante a campanha com perguntas de jornalistas, na maioria dos casos quando abordam pesquisas de opinião.
ANÁLISE - UM MODELO PARTIDÁRIO TRAZIDO DO ATRASO
Maria Inês Nassif – Valor
A “mexicanização” do quadro partidário brasileiro é um debate a ser colocado em devidos termos. A ameaça de que o PT, depois das eleições de outubro, se transforme num Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México de 1929 a 2000, é apresentada como “denúncia”. Isso é, no mínimo, um equívoco. A questão merece ser tratada criticamente por todos os atores do cenário político, sob pena de a eleição consolidar, de fato, e por um bom tempo, um único partido com condições de acesso ao poder pelo voto.
Essa perspectiva está colocada não porque o PT trapaceou, mas porque a oposição acreditou demais no seu poder de influenciar massas via convencimento das elites. É uma estratégia medíocre de ação política, num mundo onde o acesso à informação tem aumentado e ao mesmo tempo saído da órbita exclusiva da influência dos grandes grupos, e num Brasil onde um grande número de cidadãos-eleitores deixou a pobreza absoluta, outro tanto ascendeu à classe média, a escolaridade aumentou, o acesso à internet é maior e a influência das elites sobre os mais pobres tornou-se muito, muito relativa.
Dos partidos na oposição, apenas o P-SOL, em passado recente, e o PPS, quando remotamente era PCB, conseguiram pelo menos formular idealmente um conceito de partido de massas. O P-SOL fracassou porque foi criado na contramão de um crescimento espantoso do PT, partido do qual se originou, e do recuo de setores que, durante o mensalão, ensaiaram abandonar o partido de Lula. Amedrontados com a retórica pré-64 da oposição, esses setores acabaram lentamente retornando à órbita do petismo. O PCB conseguiu a façanha de ser um partido de massas apenas quando tinha um líder carismático, Luiz Carlos Prestes. Como viveu boa parte de sua existência na clandestinidade, é difícil saber se teria vocação para sair da política de vanguarda e ganhar substância em setores mais amplos. O PPS, que o sucedeu, certamente não mostra essa capacidade.
O PT continua a exceção no quadro partidário. A estrutura montada pelo partido nacionalmente, quando começava a se perder na burocratização da máquina, foi salva pelo lado popular do governo Lula e pela ofensiva oposicionista. O partido não é mais o que era quando foi fundado, mas é certo que tem uma representação social.
As demais legendas, em especial as de oposição, não conseguiram sair da camisa de força dos partidos de quadros. O PSDB, que catalisou a oposição a Lula, e o DEM, com o qual é mais identificado, terceirizaram a ação partidária para uma mídia excessivamente simpática a um projeto que, mais do que de classes, é antipetista. Todo trabalho de organização partidária, de formulação ideológica e de articulação orgânica foi substituído por uma única estratégia de cooptação, a propaganda política assumida pelos meios de comunicação tradicionais. A vanguarda oposicionista tem sido a mídia. Esta, espelhando-se na velha estrutura social do país, tem praticado uma conversa exclusiva com os seus: assumiu um discurso para agradar a elite, que por sua vez perdeu quase totalmente seu poder de influência sobre os menos ricos e escolarizados. Os partidos de oposição e a mídia falam um para o outro. Pouco têm agregado em apoio popular, que significaria voto na urna e, portanto, vitória eleitoral.
A ideia de propaganda política via mídia, que para a esquerda pré-Muro de Berlim era uma parte da estratégia de tomada do poder, e para os social-democratas a estratégia de conquista do poder pelo voto, tornou-se a única ação efetiva da oposição brasileira, exercida, porém, de fora dos partidos. Teoricamente, a mídia tradicional brasileira não é partidária. Na prática, exerce essa função no hiato deixado pela deficiente organização dos partidos que hoje estão na oposição ao presidente Lula. E o produto final não é exatamente a agregação de adeptos, mas uma conversa entre iguais, que se autoalimenta de um discurso trazido do udenismo, pouco propenso a conduzir um debate propriamente ideológico.
Esse não é um fenômeno pós-Lula simplesmente, embora os dois governos do presidente petista tenham dado grande contribuição a esse descolamento entre a “opinião pública” e a “opinião dos pobres”. Logo no início da redemocratização, foi instituído o voto do analfabeto. Ao longo dos dois últimos governos – portanto, nos últimos 15 anos – ocorreram ganhos de cidadania via aumento de escolaridade e renda que, por si só, incentivam a autonomia do voto. Nos últimos sete anos, os programas de transferência de renda reforçaram essa tendência.
Esse contingente de novos eleitores ganhou autonomia de voto e se descolou da mídia tradicional. Nesse universo, os formadores de opinião pública – por sua vez formados pela mídia – não têm o mesmo acesso que tinham antigamente. O ingresso dos antigos desletrados na era da informação tem se dado pela televisão – e aí o horário eleitoral gratuito é neutralizador – e um pouco pela internet, mas a decisão política ocorre por ganhos de cidadania. Como a mídia tradicional é a única a operar como “propagandista” dos partidos de centro e de direita que nunca acharam necessário incorporar militância, formar quadros ou mesmo publicizar ideário, é de se supor que a capacidade de formação de consensos da mídia tradicional seja pouco significativa numa parcela do eleitorado que ascendeu recentemente ao mercado consumidor.
O bloco oposicionista, que inclui não apenas os partidos, mas a mídia tradicional, não entendeu as mudanças que ocorreram no país. O modelo partidário que trazem na cabeça é um que pressupõe alinhamento automático de parcelas da população com líderes distantes ou donos de votos locais, ou a submissão da “ignorância” popular à opinião formada por iluminados. O novo Brasil não comporta mais isso. Esse modelo de política é elitista, porque não parte do princípio que as pessoas são iguais inclusive no direito de formar uma opinião própria.
A “mexicanização” do quadro partidário brasileiro é um debate a ser colocado em devidos termos. A ameaça de que o PT, depois das eleições de outubro, se transforme num Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México de 1929 a 2000, é apresentada como “denúncia”. Isso é, no mínimo, um equívoco. A questão merece ser tratada criticamente por todos os atores do cenário político, sob pena de a eleição consolidar, de fato, e por um bom tempo, um único partido com condições de acesso ao poder pelo voto.
Essa perspectiva está colocada não porque o PT trapaceou, mas porque a oposição acreditou demais no seu poder de influenciar massas via convencimento das elites. É uma estratégia medíocre de ação política, num mundo onde o acesso à informação tem aumentado e ao mesmo tempo saído da órbita exclusiva da influência dos grandes grupos, e num Brasil onde um grande número de cidadãos-eleitores deixou a pobreza absoluta, outro tanto ascendeu à classe média, a escolaridade aumentou, o acesso à internet é maior e a influência das elites sobre os mais pobres tornou-se muito, muito relativa.
Dos partidos na oposição, apenas o P-SOL, em passado recente, e o PPS, quando remotamente era PCB, conseguiram pelo menos formular idealmente um conceito de partido de massas. O P-SOL fracassou porque foi criado na contramão de um crescimento espantoso do PT, partido do qual se originou, e do recuo de setores que, durante o mensalão, ensaiaram abandonar o partido de Lula. Amedrontados com a retórica pré-64 da oposição, esses setores acabaram lentamente retornando à órbita do petismo. O PCB conseguiu a façanha de ser um partido de massas apenas quando tinha um líder carismático, Luiz Carlos Prestes. Como viveu boa parte de sua existência na clandestinidade, é difícil saber se teria vocação para sair da política de vanguarda e ganhar substância em setores mais amplos. O PPS, que o sucedeu, certamente não mostra essa capacidade.
O PT continua a exceção no quadro partidário. A estrutura montada pelo partido nacionalmente, quando começava a se perder na burocratização da máquina, foi salva pelo lado popular do governo Lula e pela ofensiva oposicionista. O partido não é mais o que era quando foi fundado, mas é certo que tem uma representação social.
As demais legendas, em especial as de oposição, não conseguiram sair da camisa de força dos partidos de quadros. O PSDB, que catalisou a oposição a Lula, e o DEM, com o qual é mais identificado, terceirizaram a ação partidária para uma mídia excessivamente simpática a um projeto que, mais do que de classes, é antipetista. Todo trabalho de organização partidária, de formulação ideológica e de articulação orgânica foi substituído por uma única estratégia de cooptação, a propaganda política assumida pelos meios de comunicação tradicionais. A vanguarda oposicionista tem sido a mídia. Esta, espelhando-se na velha estrutura social do país, tem praticado uma conversa exclusiva com os seus: assumiu um discurso para agradar a elite, que por sua vez perdeu quase totalmente seu poder de influência sobre os menos ricos e escolarizados. Os partidos de oposição e a mídia falam um para o outro. Pouco têm agregado em apoio popular, que significaria voto na urna e, portanto, vitória eleitoral.
A ideia de propaganda política via mídia, que para a esquerda pré-Muro de Berlim era uma parte da estratégia de tomada do poder, e para os social-democratas a estratégia de conquista do poder pelo voto, tornou-se a única ação efetiva da oposição brasileira, exercida, porém, de fora dos partidos. Teoricamente, a mídia tradicional brasileira não é partidária. Na prática, exerce essa função no hiato deixado pela deficiente organização dos partidos que hoje estão na oposição ao presidente Lula. E o produto final não é exatamente a agregação de adeptos, mas uma conversa entre iguais, que se autoalimenta de um discurso trazido do udenismo, pouco propenso a conduzir um debate propriamente ideológico.
Esse não é um fenômeno pós-Lula simplesmente, embora os dois governos do presidente petista tenham dado grande contribuição a esse descolamento entre a “opinião pública” e a “opinião dos pobres”. Logo no início da redemocratização, foi instituído o voto do analfabeto. Ao longo dos dois últimos governos – portanto, nos últimos 15 anos – ocorreram ganhos de cidadania via aumento de escolaridade e renda que, por si só, incentivam a autonomia do voto. Nos últimos sete anos, os programas de transferência de renda reforçaram essa tendência.
Esse contingente de novos eleitores ganhou autonomia de voto e se descolou da mídia tradicional. Nesse universo, os formadores de opinião pública – por sua vez formados pela mídia – não têm o mesmo acesso que tinham antigamente. O ingresso dos antigos desletrados na era da informação tem se dado pela televisão – e aí o horário eleitoral gratuito é neutralizador – e um pouco pela internet, mas a decisão política ocorre por ganhos de cidadania. Como a mídia tradicional é a única a operar como “propagandista” dos partidos de centro e de direita que nunca acharam necessário incorporar militância, formar quadros ou mesmo publicizar ideário, é de se supor que a capacidade de formação de consensos da mídia tradicional seja pouco significativa numa parcela do eleitorado que ascendeu recentemente ao mercado consumidor.
O bloco oposicionista, que inclui não apenas os partidos, mas a mídia tradicional, não entendeu as mudanças que ocorreram no país. O modelo partidário que trazem na cabeça é um que pressupõe alinhamento automático de parcelas da população com líderes distantes ou donos de votos locais, ou a submissão da “ignorância” popular à opinião formada por iluminados. O novo Brasil não comporta mais isso. Esse modelo de política é elitista, porque não parte do princípio que as pessoas são iguais inclusive no direito de formar uma opinião própria.
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