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terça-feira, 26 de julho de 2011

MINISTRAS PASSAM NO TESTE DO PRIMEIRO MÊS



Ideli dribla a crise e volta a ser testada

Autor(es): Fernando Exman | De Brasília
Valor Econômico - 26/07/2011




Uma atravessou o momento mais agudo da crise do PR sem danos à base governista. A outra impôs-se prometendo só o que pode cumprir. Faz pouco mais de um mês que as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffman (Casa Civil) começaram a trabalhar juntas no triunvirato de poder que passaram a compor com a presidente Dilma Rousseff. Impuseram a uma base aliada até então incrédula a sua capacidade de gestão do núcleo de governo



Há pouco mais de um mês no comando da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti faz o que pode para se consolidar no cargo. Restabeleceu a ponte entre o Palácio do Planalto e o Congresso e tem batalhado para recuperar o prestígio da Pasta junto à presidente Dilma Rousseff. Tem agora como principal desafio, no entanto, convencer Dilma a atender as duas maiores demandas dos partidos que integram a base aliada: a liberação do dinheiro de emendas parlamentares ao orçamento federal e o preenchimento dos cargos de confiança de ministérios, empresas estatais e órgãos federais.A postura de Dilma em relação a esses dois assuntos deve dar o tom das relações entre o governo e o Congresso a partir de agosto, quando acabará o recesso parlamentar.

"Tudo vai depender do andamento da liberação dos restos a pagar e das nomeações para os cargos. Essas questões têm que ser resolvidas", comentou um influente deputado do PMDB. "Isso independe da pessoa que ocupa a Secretaria de Relações Institucionais; é o governo que precisa resolver."

E não são poucos os interesses do governo no Congresso. Na Câmara, por exemplo, o Executivo quer aprovar o projeto de lei que reestrutura o sistema brasileiro de defesa da concorrência e a criação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

No Senado, tenta convencer o senador Fernando Collor (PTB-AL) a destravar a tramitação da proposta que libera o acesso a documentos públicos sigilosos e pretende aprovar o Código Florestal. Além disso, o Executivo deve enviar ao Legislativo propostas pontuais para reformar o sistema tributário.

Há também as armadilhas que o governo precisará desengatilhar no Congresso a fim de evitar despesas que coloquem em risco o ajuste fiscal em andamento. Os deputados querem, por exemplo, votar mudanças nas regras do fator previdenciário, aumentar os salários de policiais e bombeiros (PEC 300) e os gastos na área de saúde (Emenda 29).

"O governo vai ter que desarmar isso", alertou o líder de um partido governista.

Segundo ele, depois da pressão pela prorrogação do decreto que permite o pagamento de emendas parlamentares inscritas nos restos a pagar, a base aliada começará a cobrar do Executivo o empenho das emendas apresentadas ao Orçamento de 2011. "É melhor o governo me dever 100 do que me dever só 10", resumiu.

A prorrogação do decreto que trata das emendas parlamentares é um exemplo dos resultados da atuação de Ideli. Dilma resistia a acolher a demanda, mas mudou de ideia depois de alertada pela ministra de que a decisão poderia causar problemas para o governo no Legislativo.

O aviso da ministra tinha fundamento. Foi feito a Dilma após uma série de conversas de Ideli com líderes dos partidos aliados no Congresso, as quais passaram a fazer parte da rotina da articuladora política do governo.

Ideli, que passou a despachar no gabinete de Dilma ao lado dos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Helena Chagas (Comunicação Social) sobre a agenda do governo, também teve crédito no arrefecimento da crise entre o governo e o PR. Devido à "faxina" promovida por Dilma no Ministério dos Transportes, integrantes do partido de Alfredo Nascimento ameaçavam faltar ao coquetel oferecido pela presidente a parlamentares aliados para brindar o fim do primeiro semestre. Mudaram de ideia depois que Ideli conversou com alguns líderes da sigla.

Ex-senadora (SC), ex-líder do PT no Senado e ex-líder do governo no Congresso, Ideli adotou uma estratégia criativa para fortalecer os laços com o meio político. Consulta a lista de aniversariantes do dia todas as manhãs e, em seguida, telefona para parabenizar ministros, congressistas, governadores e prefeitos.

No período em que a Pasta foi comandada por Luiz Sérgio, hoje ministro da Pesca e Aquicultura, senadores e deputados se queixavam justamente da precariedade da interlocução com o Palácio do Planalto. A força do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci reduzia a margem de manobra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, e Palocci não conseguia dar vazão aos pedidos dos aliados. Com crise que levou à saída de Palocci do governo, Dilma promoveu então a troca de cargos entre Ideli e Luiz Sérgio.

Gleisi impõe estilo direto e sem rodeios à Casa Civil

De Brasília

Gleisi Hoffmann tem buscado seguir à risca a missão que recebeu da presidente Dilma Rousseff quando foi convidada a assumir a chefia da Casa Civil: colocar novamente a Pasta à frente da gestão do Executivo.

Senadora eleita pelo PT do Paraná, Gleisi não abandonou o olhar político para os assuntos do governo e acompanha Dilma em encontros com parlamentares aliados no Palácio da Alvorada. Até agora, no entanto, sua atuação não criou embaraços a Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais da Presidência da República.

Os políticos que se reuniram com Gleisi nos últimos dias elogiam sua objetividade, interesse nas demandas e sinceridade ao falar de demandas que terão dificuldades em prosperar no governo - característica também notada pelos interlocutores da presidente.

"Ela não teve muita diplomacia: foi direto no que pensa. É melhor que o ministro seja sincero do que enrole a gente", comentou um parlamentar que foi recebido pela chefe da Casa Civil ao falar do estilo da ministra. "Se cumprir o que falou, está bom."

Desde que tomou posse, em 8 de junho, Gleisi reuniu-se com grande parte dos ministros e tomou parte nas discussões sobre os principais programas do governo, como o Brasil Sem Miséria, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as obras para a realização da Copa do Mundo de 2014.

Está à frente da Câmara de Gestão criada pelo Palácio do Planalto em parceria com pesos pesados do empresariado nacional, e reativou a Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil. O órgão, responsável por auxiliá-la no acompanhamento das ações prioritárias do governo junto aos ministérios, havia sido esvaziado por Antonio Palocci para que a Casa Civil retomasse o protagonismo na articulação política do governo.

Gleisi também vem atendendo alguns governadores, inclusive da oposição. Estiveram em seu gabinete, por exemplo, os governadores de Rondônia, Piauí, Espírito Santo e Goiás. Gleisi reforçou ainda a ponte entre o Palácio do Planalto com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU).

A ministra não descuidou, no entanto, de seus interesses políticos no Paraná. Nas últimas semanas, Gleisi reuniu-se no Palácio do Planalto com o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, e o secretário de Infraestrutura e Logística do governo do Paraná, José Richa Filho.

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