Matéria publicada no portal "Vermelho" diz que a formação de um "blocão" pelo PMDB e partidos aliados pode não acontecer.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (17), após 2ª Conferência Nacional de Economia Familiar, no Planalto, a formação de um "blocão" pelo PMDB e outros partidos na Câmara dos Deputados. Segundo Lula, não se deve "mexer na política" de forma "conturbada".
"Tenho uma definição de política que é a seguinte: a política é como um leito de um rio. Se a gente não for um 'desmancha-ambiente' e a gente deixa a água correr tranquilamente, tudo vai se colocando da forma como é mais importante. Se as pessoas tentam de forma conturbada mexer na política, pode não ser muito bom”, disse.
Nessa terça-feira (16), foi anunciada a formação de um bloco comandado pelo PMDB que uniria 200 deputados. Além do PMDB, estariam no bloco PP, PR, PTB e PSC. A assessoria do PP, entretanto, afirma que não houve qualquer conversa do PMDB com o partido nesse sentido.
Segundo Lula, a proposta de criar um bloco de aliados, sem a participação do PT, não foi concretizada. "Primeiro, que não aconteceu. Parecia que ia acontecer, mas não aconteceu", disse.
O grupo reuniria 55 deputdaos a menos do que o número necessário (257) para obter a maioria da Câmara. Com isso, o PT, que elegeu a maior bancada (88 deputados), passaria a ser a segunda força parlamentar. De acordo com a tradição da Casa, a maior bancada ou bloco partidário fica com a presidência da Câmara.
Hoje (17), o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartou que haja articulação do partido no Senado, para formar um bloco com partidos menores e consolidar a maioria na Casa. Leia mais aqui
Temer: panos quentes
Até mesmo o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, minimizou a formação do bloco. Temer, que também preside a Câmara dos Deputados e foi eleito vice-presidente da República, disse que "O PMDB e o PT estarão juntos em todas as hipóteses, seja na Câmara, seja no governo. Não há divergência nenhuma. O bloco é apenas uma intenção, que só será formalizado no início da nova legislatura [em fevereiro]".
A pedido da presidente eleita Dilma Rousseff, Temer convocou o líder do partido Henrique Eduardo Alves (RN) e o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) para uma reunião conjunta. No encontro na manhã desta quarta-feira, o vice eleito pediu para que os dois dessem um jeito de acabar com "o tiroteio entre as legendas".
Temer negou que tenha conversado sobre o assunto durante o café com Dilma na manhã de hoje. "Ela não manifestou preocupação sobre isso. A questão do bloco não tem tanta relevância", disse.
Padilha: “Não sei se existe"
Por seu turno, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, demonstrou indiferença com a formação do "blocão", orquestrado pelo PMDB. Padilha disse não ter certeza se o bloco realmente irá existir e que ele não representa uma "ameaça" para o governo Dilma.
”Não sei se existe blocão, qual o tamanho do blocão e que blocão é esse. [...] São todos os partidos da coalizão que vão dar garantia de governabilidade para a presidente Dilma”, disse Padilha.
O ministro afirmou que a ocupação dos postos de comando na Câmara e no Senado serão acordados entre todos os partidos da coalizão de Dilma. “Se alguém pensa que com ameaça vai conseguir conquistar seus interesses, mesmo que eles sejam legítimos, vai perder a possibilidade de conquistá-los”.
A iniciativa de criação do bloco foi interpretada pelos petistas como um recado de que o PMDB não abre mão do comando da Casa no primeiro biênio (2011-2012) e quer voz ativa na composição do novo governo.
Da redação,
com agências
Atualizado às 17h40 para acréscimo de informações
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