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terça-feira, 2 de novembro de 2010
BBC - DILMA ROUSSEFF, A PRIMEIRA
Este texto foi publicado no Blog do Editor do site da BBC Brasil e faz uma interessante análise sobre a vitória da presidente Dilma, ressaltando a novidade de termos a 1º mulher no mais alto cargo político brasileiro.
Rogério Simões
A eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República é um fato repleto de ineditismos. Primeira colocada numa disputa tensa, acirrada e apaixonada, a petista é a primeira mulher escolhida para comandar a nação. Também é a primeira pessoa presa e torturada pelo regime militar (1964-85) a chegar ao cargo máximo do país e a primeira líder a dar continuidade a oito anos de um governo no atual período democrático. Os eleitores brasileiros nunca haviam sancionado pela segunda vez seguida a permanência de um partido à frente do governo federal, o que é um indicativo do grau de satisfação da maior parte da população com a realidade atual. O momento político que vive o Brasil é, sem dúvida, único em seus 188 anos de independência.
Para reforçar ainda mais o clima de novidade, a posição que o Brasil ocupa no mundo hoje é, também, inédita em sua história. O país deve em breve ser reconhecido como a sétima economia do mundo, caminhando para, em dez anos, chegar ao quinto lugar. Sua influência aumentou significativamente na última década e só tende a crescer, seja pelo tamanho de sua economia ou pelas áreas em que essa tem se destacado, do agrobusiness à exploração de petróleo. Isso tudo faz do futuro governo Dilma Rousseff um terreno ainda inexplorado e desconhecido, tanto para a vencedora do pleito presidencial como para a oposição ou o próprio cidadão. Os próximos quatro anos exigirão equilíbrio e atenção da parte de todos, apesar das condições políticas e econômicas relativamente favoráveis para o novo governo.
Dilma prometeu fazer um governo para todos os "brasileiros e brasileiras". Trata-se, claramente, de um compromisso importante da presidente eleita, afinal 44% do eleitorado preferia ver o tucano José Serra no Palácio do Planalto. A oposição, por sua vez, faz bem em tentar se organizar a partir de agora para confrontar o futuro governo e até mesmo já pensando na disputa em 2014. O que se espera em uma democracia é a divergência de opiniões de forma construtiva em um embate que mantenha o eleitor esclarecido sobre as diferenças entre os vários projetos para o país. Projetos, é bom lembrar, que faltaram na campanha deste ano, carente de programas de governo claros, deficiência que provavelmente favoreceu a situação.
O governo Dilma Rousseff será, em muitos aspectos, uma novidade na história brasileira. O Brasil é hoje uma potência regional com credenciais para se tornar uma das potências globais no futuro. Quanto mais o país cresce, mais aumentam suas responsabilidades perante a comunidade internacional, no âmbito da economia global, da defesa do meio ambiente e mesmo da estabilidade política mundo afora. Internamente, quanto mais a população tem acesso a bens de consumo e educação, mais exigente e consciente dos seus direitos ela se torna, o que é ótimo para a nação. Dilma Rousseff será a primeira a governar o Brasil pós-Lula e pós-pré-sal, o Brasil da Copa do Mundo e, caso se reeleja em 2014, o Brasil dos Jogos Olímpicos. Será a primeira a receber um país com mais poderes dentro de um reformado Fundo Monetário Internacional e pode até vir a ser a primeira a presidir um Brasil com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O Brasil mudou, e a primeira mulher presidente precisa ser a primeira a reconhecer que o país exige uma política e um governo à altura do seu novo status, seu novo potencial e suas novas responsabilidades.
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