Do site da bancada de vereadores do PT/SP
Terminou de maneira confusa a audiência pública convocada pela Câmara Municipal para debater o aumento da passagem de ônibus em São Paulo, que em janeiro subiu de R$ 2,70 para R$ 3,00. Ao final da reunião, o secretário municipal dos Transportes, Marcelo Cardinale Branco, saiu de fininho sem responder à principal reivindicação do Comitê de Luta contra o Aumento – o cancelamento do reajuste.
O secretário também não respondeu às dúvidas levantadas pelos vereadores do PT, que questionaram vários pontos da planilha usada pela São Paulo Transportes para calcular a nova tarifa. Enquanto o secretário saia pelos fundos do plenário sem assumir qualquer compromisso, os ativistas do comitê (estudantes, representantes de movimentos sociais e o Movimento Passe Livre) ocuparam o plenário para exigir a abertura de negociações com a Prefeitura de São Paulo.
Após minutos de impasse, saiu o compromisso de que a Câmara fará a ponte com a prefeitura para marcar uma reunião de negociação na semana que vem, com a presença de alguém do Executivo. O comitê já marcou para a próxima quinta-feira (17) novo protesto contra o aumento, desta vez em frente ao Gabinete do Prefeito, no Viaduto do Chá.
Após a audiência a Bancada do PT divulgou nota, assinada pelo líder Ítalo Cardoso, anunciando que acionará a Justiça para impugnar a planilha e procurará, também, o Tribunal de Contas do Município. A nota frisa que “a passagem de ônibus na cidade de São Paulo vem sendo reajustada acima da inflação nos últimos anos, mas os investimentos para melhorar o transporte público (construção de mais corredores de ônibus, por exemplo, não são feitos). Por trás disto pode estar uma manobra eleitoral da gestão Kassab de aumentar pesadamente a tarifa agora para não precisar dar reajuste em 2012, ano de eleição municipal”.
"O secretário não conseguiu sustentar o aumento. Fica cada vez mais clara a fragilidade dessa planilha e da proposta apresentada pelo governo", argumentou o vereador Donato. Durante a reunião ele alertou que, para calcular a nova tarifa, a SPTrans usou como referência do preço do óleo diesel o valor de R$ 1,8543 o litro, mas a Petrobrás vende o produto na cidade de São Paulo a R$ 1,70 o litro. A diferença permitiria que a tarifa fosse reduzida em R$ 0,05 (cinco centavos) por passageiro pagante. Donato disse ainda que, entre março de 2005 e janeiro de 2011, a tarifa foi corrigida em 50% (de R$ 2,00 para R$ 3,00), enquanto a inflação acumulada foi de 30%. O gasto como subsídio da passagem no período cresceu mais ainda. Saltou de R$ 224 milhões, em 2005 para R$ 743 milhões em 2011 – variação de 232%.
“Essa planilha é irreal, não condiz com a verdade”, afirmou o vereador José Américo. O PT defende que a planilha seja submetida a uma auditoria independente. Outro parlamentar petista, Chico Macena, cobrou diretamente do secretário uma resposta objetiva ao pedido dos ativistas, mas não foi atendido. Também participaram da audiência os vereadores Alfredinho e Juliana Cardoso, os deputados estaduais Adriano Diogo e Rui Falcão, e o federal Carlos Zarattini.
Pelo menos 300 pessoas acompanharam a audiência, realizada no Plenário 1º de Maio. Outros 300 jovens viram a reunião em telões instalados do lado de fora da Câmara. A todo instante eles gritavam coros cobrando uma resposta clara à pauta de reivindicações (“Chega de mimimi, se a tarifa não baixar, a gente não vai sair”). "A audiência terminou com uma definição clara de uma negociação aberta entre o movimento, a Câmara Municipal e Executivo. Conseguimos avançar", disse Marco Magri, do Movimento Passe Livre.
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