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terça-feira, 29 de janeiro de 2013
NOVO COMANDO DO PT VAI TER DE ENFRENTAR GRANDES DESAFIOS
artigo publicado no jornal "Folha de SP" 26/01/13
Em tempos de vacas magras, partidos e lideranças identificados com a corrupção costumam ser destruídos
ALDO FORNAZIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O PT terá, em novembro, o processo de eleições diretas para escolher suas novas direções. No plano nacional, o atual presidente da sigla, Rui Falcão, deverá ser reconduzido a um novo mandato.
Para muitos observadores, isso chega a ser surpreendente, pois Falcão é tido como um "linha-dura". Mas sua gestão parece negar essa fama.
Existem duas razões que fazem com que ele agregue um amplo apoio: vem exercendo a presidência com posições ponderadas e equilibradas no que diz respeito ao posicionamento público do partido e com diálogo interno com todas as correntes.
Dois pontos exemplificam isso. Primeiro: em relação à ação penal 470 (mensalão), Falcão defendeu o partido e os condenados, mas desestimulou propostas que levariam o PT a uma aventura, com atos e manifestações de rua para contestar as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo: ante críticas de sindicalistas e de outros setores petistas ao governo, com proposições de substituição de Dilma como candidata em 2014, Falcão se mantém firme na defesa da presidente e da candidatura dela à reeleição.
Do ponto de vista interno, ele apaziguou determinados conflitos, substituindo o estilo mandonista de outros presidentes por uma conduta discreta e de diálogo com todas as outras correntes, mantendo uma certa independência em relação a forças poderosas.
Se reeleito, Rui Falcão e a nova direção partidária terão de enfrentar alguns desafios. O de maior magnitude será o de consolidar uma ampla aliança para reeleger Dilma.
O segundo maior desafio será o de conferir uma maior consistência programática de sentido estratégico ao PT, orientada para pensar o presente do Brasil com vistas ao futuro.
O país carece de partidos com maior consistência programática e estratégica.
O terceiro desafio consistirá em estancar a identificação do PT como um partido corrupto. A opinião pública tolera essa identificação enquanto os governos desse partido produzirem bons resultados econômicos e sociais. Mas, em tempos de vacas magras, partidos e lideranças identificados com a corrupção costumam ser destruídos.
ALDO FORNAZIERI é diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP)
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